Portugal joga esta terça-feira no Azerbaijão, o que é um bom pretexto para procurar informações sobre o país encravado entre a Europa e a Ásia. Ora o Maisfutebol não gosta de estar sozinho e convidou Semedo e Renato Queirós para o acompanharem: dois atletas que já passaram pelo país.

«Há pessoas com muito dinheiro e há muito dinheiro no futebol. Todos os clubes pertencem a algum ministro, a algum magnata do petróleo ou do gás natural. Até na seleção há muito dinheiro. O ano passado, por exemplo, pagaram 60 mil dólares a cada jogador por um empate com a Bélgica.»

Semedo lembra que são quase 50 mil euros por um empate com uma seleção que nem tem estado nas grandes provas. «Nem quero pensar em quanto pagam por um empate com Portugal. Uma fortuna. Isso também serve para motivar os jogadores e não vai ser fácil para a seleção nacional.»

Berti Vogts, e o milionários do futebol

Renato Queirós não fala de dinheiro. Mas admite também ele que Portugal vai encontrar um osso duro. «Acredito que a seleção vai ganhar, mas existe uma motivação muito grande da parte dos azeris. Têm uma grande adoração pela seleção portuguesa e sabem tudo sobre os nossos jogadores.»

«Não têm qualidade, mas jogam juntos há anos, têm sentido coletivo, têm muita força e resistência. É uma característica do povo: nunca se dá por vencido. Vão lutar até ao último pingo de suor porque essa é a maneira deles estar na vida. Vão jogar fechados e defender muito», refere Semedo.

Renato Queirós lembra de resto que o país foi buscar Berti Vogst para selecionador. «Têm investido muito no futebol. Vão buscar pessoas competentes e que fazem o futebol no país evoluir.» Semedo diz que Berti Vogts é a prova de como o Azerbaijão se tornou um dos novos ricos do futebol.

«Têm vários multi-milionários a investir o futebol.» Ele beneficiou disso, aliás. «Cheguei a receber sete mil e dez mil dólares como prémio de jogo», sorri. «Mas nem tive muita sorte. O dono do clube era turco e investia sobretudo no Besiktas. Foi ele que pagou parte da transferência do Quaresma.»

Quatro mil euros para entrar numa festa?

Semedo lembra porém que também viveu a parte má deste Dubai em ponto pequeno: a clivagem económica. «Pediam-me três mil e quatro mil euros para entrar numa festa. Nem queria acreditar. Mas as festas em Baku são sobretudo para os russos. Por isso ficávamos em casa com amigos.»

«A capital não é má. Parece o Dubai, está muito bonita», adianta Semedo, ele que jogou no Khazar, da cidade de Lankaran. «O resto do país é pobre e atrasado. Mas a maior parte dos habitantes mora mesmo em Baku e por isso eles concentram tudo ali. A minha mulher, por exemplo, adorou Baku.»

Por isso ele também guarda boas memórias da cidade. No início, admite, foi o choque: depois veio a adaptação. «Só o trânsito era caótico. Tem mais carros do que pessoas», sorri. «É uma cidade onde há gente com muito dinheiro e que por isso tem um custo de vida altíssimo para a maioria.»

Um oásis nas margens do fantástico Cáspio

Semedo viajava várias vezes 270 quilómetros: jogava em Lakaran e não abdicava da vida em Baku. Renato Queirós também não. «Fora da capital é outro país. As estradas eram terríveis e as viagens inacreditáveis. Nunca encontrei tantos carros em contra-mão. Mas recomendo uma visita a Baku.»

«É interessante pela história, sobretudo do período da União Soviética, pela diferença cultural e religiosa. Tem o mar Cáspio, que é fantástico, e tem uma coisa linda que é um monte a arder 24 horas por dia. Os azeris são mais agressivos do que nós, mas o país é mais seguro do que Portugal.»

Viaje até Baku: