Quem não se lembra de Mamadú Bobó, vigoroso médio na Guiné-Bissau que se afirmou como referência do Boavista na primeira metade da década de 90? Conhecido pelo nome, pelos insistentes trocadilhos que nada interessam para a história, e pela imensa disponibilidade física que causava temor nos adversários e sorrisos nos adeptos, Bobó foi mesmo uma das figuras das cadernetas da época.
Hoje em dia, depois de contínuas ligações ao clube axadrezado, o antigo jogador seguiu com a sua mais recente pérola, Kaby [ver texto relacionado, carregando no link em anexo], a caminho de Londres e aproveitou a oportunidade para tornar-se olheiro do Chelsea.
O Maisfutebol conseguiu trocar algumas impressões com o antigo jogador na recente passagem por Portugal, onde aproveitou para assistir ao Boavista-F.C. Porto (0-0). Tal como no passado, é um homem de actos, não de palavras, mas sempre foi dizendo que a experiência de colaboração com o Chelsea está a correr «muito bem».
«Como o Kaby interessava ao Chelsea, eu vim com ele e surgiu esta oportunidade de ser olheiro do clube. Tenho andado a viajar, a ver jogadores, sobretudo em África», explicou.
Um embaixador da Guiné-Bissau em Portugal
Mamadou Bobó Djalo nasceu em Canchungo a 9 de Dezembro de 1963. Começou a jogar no clube local, então com 15 anos, e estreou-se rapidamente na equipa principal, na primeira divisão do campeonato da Guiné-Bissau.
Em 1979, partiu à procura do seu lugar ao sol no futebol português, começando por representar o Vilanovense. Nos registos, contabilizam-se passagens pelo F.C. Porto, Recreio de Águeda, Varzim ou Marítimo, mas conheceu a fama na longa relação com o Boavista. Desde 1990, tornou-se referência axadrezada pela entrega, pela inigualável generosidade em campo, até pela sua própria figura.
Quando abandonou a carreira de jogador, foi desenvolvendo contactos noutras áreas mas continuou, invariavelmente, ligado ao mundo do futebol. Em 2003, foi nomeado embaixador do futebol guineense na Europa, Ásia e África, fruto das prestações na selecção nacional e da reputação em Portugal.
Bobó, alvo da simpatia de Valentim, João Loureiro e Jaime Pacheco, foi convidado a exercer funções no Boavista, tanto como olheiro ou como adjunto do actual treinador. Desempenhou este último cargo desde Setembro de 2006, durante sensivelmente um ano. A cobiça Kaby, por parte do Chelsea, levou-o a rumar a Londres à revelia dos axadrezados. Não perdeu, contudo, inúmeros amigos no Bessa.