Depois de Quim, que futuro para a baliza da Selecção Nacional? A poucas horas da divulgação dos convocados para o encontro com a Finlândia, dois jornalistas do Maisfutebol apresentam análises distintas. Pedro Jorge da Cunha defende a nova vaga formada por Eduardo e Beto. Vitor Hugo Alvarenga apoia o trio Rui Patrício, Daniel Fernandes e Ricardo, face ao historial na selecção. O leitor decide:
1. Níveis de confiança
Defesa (PJC): A posição de guarda-redes será porventura a que mais estabilidade mental exige. Os erros quando cometidos são extrapolados e mesmo os mais pequenos lapsos podem abanar a confiança do atleta. Nesta altura, tal como Quim, Ricardo não oferece garantias neste campo. O homem do Bétis efectuou um péssimo Europeu, perdeu a titularidade no clube para o inexperiente Casto e só muito recentemente voltou a competir. Não tem condições para voltar a ser o número um de Portugal nos próximos tempos. Eduardo e Beto, por seu lado, vêm de duas temporadas fantásticas e são os dois guardiões portugueses que mais garantias conferem. Precisamente pelo elevado nível de confiança que demonstram. Mas não só por isso.
Acusação (VHA): Antes de mais, importa sublinhar que o nome de Quim não foi esquecido. Pelo menos por nós. De qualquer forma, nesta altura, não parece reunir as condições para ser aposta de Carlos Queiroz. Pois bem, excluindo esse nome bem forte, a opção mais justa passa por um guarda-redes com trajectória de continuidade na selecção. Ricardo, antes de mais, mas também Daniel Fernandes e Rui Patrício conhecem os cantos à casa, os companheiros de selecção e os técnicos. Logo, terão sempre índices de confiança mais elevados que Eduardo e Beto, recém-chegados ao núcleo.
2. Idade
Defesa (PJC): Eduardo e Beto têm 26 anos. Uma idade perfeita para a assunção da camisola um da selecção; o momento ideal para o início de uma nova era na baliza portuguesa. Com uma idade inferior, são raros os homens que se tornam titulares de uma selecção de qualidade insuspeita. Só casos de qualidade extrema, a roçar a condição de fenómeno. Vitor Baía, por exemplo. Aos 20 anos, Rui Patrício tem ainda um longo caminho a percorrer; já a Daniel Fernandes, de 25 anos, falta a contracção de uma identidade maior com o nosso país. E na memória está ainda uma actuação infeliz frente ao Kuwait. Na sua única internacionalização.
Acusação (VHA): A idade é uma falsa questão. Não há idades boas ou idades más. Apenas e só uma questão de competência.
3. Personalidade e características
Defesa (PJC): Eduardo e Beto partilham algumas características. Duas delas, quanto a mim, merecem um sublinhado especial: são muito fortes a jogar fora da baliza e contagiam os colegas pela forma como vibram com os jogos. Os restantes candidatos pecam nestas duas alíneas. Rui Patrício e Daniel Fernandes são mais frios, mais distantes do jogo e necessitam rever a qualidade das suas abordagens aos lances fora dos postes.
Acusação (VHA): Vamos ao essencial da questão. Ricardo já deu muito à selecção e merece regressar. Daniel Fernandes ainda terá algo para provar mas Rui Patrício é o futuro a médio e longo prazo. Que fazer entretanto? O pior caminho será queimar um nome sem tradição na selecção, nesta fase crucial da qualificação. Colocar Eduardo ou Beto na baliza, sem a protecção devida, será sempre uma fuga para a frente. Já tinham dado provas antes e mereciam lá estar. Não é agora, com o barco em águas conturbadas, que se vai recorrer a elementos menos experientes. A selecção optou por um caminho e deve segui-lo até ao final do ciclo. Seja qual for o desfecho. Não se muda a meio.
«Jogo de opostos» é um espaço de debate semanal sobre temas da actualidade desportiva, entre dois jornalistas do Maisfutebol, Pedro Jorge da Cunha e Vítor Hugo Alvarenga.