Perante o avanço indomável do 4x4x2 (em versão clássica ou na amplificação «losango»), o 4x3x3 perde espaço. O sistema que potencia a exploração dos extremos vem cedendo terreno em oposição aos esquemas mais pragmáticos e povoadores das zonas interiores do rectângulo de jogo.
Para Augusto Inácio e Carlos Brito, dois reconhecidos treinadores portugueses, este aparente declínio do 4x3x3 tem leituras várias. Para o antigo lateral esquerdo do F.C. Porto e Sporting, faltam «laterais e extremos rápidos e criativos», capazes de assegurar à equipa a qualidade necessária para «jogar a toda a largura do campo».
«Para se jogar dessa forma é imperioso haver jogadores bons nas linhas laterais. Tanto na defesa como no ataque. O F.C. Porto, por exemplo, tem imensas dificuldades em actuar assim quando o Fucile não está em campo», relata ao Maisfutebol o actual treinador do Inter de Luanda.
«Eu destaco a situação dos laterais, pois é essencial estes serem atrevidos. Sempre que um dos extremos se junta ao ponta-de-lança no interior da área, o lateral deve surgir nas suas costas em apoio ofensivo. Actualmente, em Portugal, não há muitos que o consigam fazer.»
4x4x2 é mais «cauteloso» e «precavido»
Carlos Brito, ex-treinador do Rio Ave, Nacional e Leixões, coloca-se ao lado de Inácio na crítica à qualidade generalizada dos extremos do presente. «Nos últimos anos não têm aparecido jogadores com grande qualidade para essa posição. Talvez seja uma situação a rever nas camadas jovens», explica-nos o técnico, admirador confesso do 4x3x3.
«Sempre privilegiei essa estrutura. Mas já há dez anos recorria pontualmente ao 4x4x2 losango, que tão em voga está agora. Na altura, o meu número dez era o Niquinha, que com o passar dos anos foi recuando no terreno.»
Brito considera «mais cauteloso» um esquema assente em 4x4x2 «com um meio-campo em losango». «Ninguém quer perder a superioridade na luta do centro do terreno. E essa é outra das razões para a opção de um 4x4x2 em detrimento do 4x3x3.»
«É a partir dessa zona do relvado que se começam a ganhar jogos. Sempre ouvi isso», completa Augusto Inácio. «Parece-me que em 4x4x2 as equipas estão mais precavidas. Em Angola, curiosamente, é o sistema utilizado por excelência e quem tenta introduzir novas variações encontra sempre dificuldades.»