2017 ficou marcado pelo Liga dos Campeões conquistada pelo Real Madrid, pelo surpreendente Mónaco e ainda pela mais cara transferência de sempre no futebol mundial. As conquistas de Cristiano Ronaldo e de Leonardo Jardim marcaram o panorama internacional, mas os madeirenses, e não só, entram nas nossas contas nacionais de 2017. Foi um ano também marcado pela mistura de política e futebol em Espanha, pelo ressurgimento de um grande Brasil e pela aflição argentina, a nível de seleções.  Com os protagonistas portugueses a passarem para o balanço nacional, estas são 10 figuras que se destacaram em 2017.

Neymar Jr.

O número é tão simples como espantoso: 222. O mesmo algarismo repetido, o mundo a virar louco com a transferência de Neymar Jr do Barcelona para o PSG.

Só pelo recorde de maior negócio da História futebol, o internacional brasileiro seria uma das figuras de 2017. Mas é-o por mais do que isso. Valores à parte, a mudança para Paris foi tudo menos pacífica. Na Catalunha beliscaram-se várias vezes para perceberem que Neymar queria, e ia, mesmo deixar o clube. Foi a grande novela do verão de um jogador em busca de maior protagonismo porque ser-lhe terceiro nos prémios The Best e Bola de Ouro não lhe chega.

2017 confirmou Neymar como o principal candidato a sucessor de Messi e Ronaldo. O brasileiro elevou o nível neste ano, a atuar quer por Barça, quer por PSG e ainda pelo Brasil. Chegou aos 100 golos pelos catalães, qualificou a seleção para o Mundial 2018 e conquistou Paris desde o jogo inaugural. É o terceiro do mundo, incontestado. Mas em 2017 ficou a saber, também, que pode não ser ele a bater os penáltis pelo PSG. Também por isso, uma das figuras incontornáveis do ano.

Zinedine Zidane

Formado como treinador na cantera do Real Madrid, Zinedine Zidane agarrou 2017 como recebia uma bola em campo: foi seu dono.

O treinador francês do clube espanhol venceu cinco dos oito títulos que tem no currículo de técnico neste ano. Ganhou o campeonato ao Barcelona e a Liga dos Campeões a toda a gente. Venceu supertaças, europeia e do país, e ainda o Mundial de Clubes. Foi considerado o melhor treinador de 2017 na gala FIFA.

Convenceu Cristiano Ronaldo a descansar mais vezes e com isso beneficiou toda a gente: o madeirense, o Real Madrid e a seleção portuguesa. Mesmo que a defesa do título de campeão em Espanha esteja a ser difícil, a verdade é que em 2017 o Real Madrid de Zidane ganhou muito. Muito mesmo. E chegou a ser brilhante. Como o foi na Supertaça de Espanha frente ao Barça.

Kylian Mbappé

Houve um furacão na Europa em 2017.

Kylian Mbappé deixou o mundo futebolístico em comparações com craques de outrora e deixou defesas pregados ao relvado enquanto ele, com sorriso de menino de 18 anos, marcava golos. Um talento que Leonardo Jardim lançou no Mónaco e que o PSG adquiriu a troco de muito dinheiro.

Mbappé foi a maior revelação do ano, com muitos golos em pouco tempo (31 em 2017) e, sobretudo, com desempenhos exuberantes na Champions, uma prova que distingue os melhores dos melhores: é para aí que corre o avançado francês, agora com as cores do PSG e já na companhia de seus pares Neymar e Cavani.

Gianluigi Buffon

Quando Gigi Buffon chorou, o futebol chorou com ele e por ele. Apenas por ele, e não pela Itália que ficou de fora do Mundial 2018.

O guarda-redes da Juventus foi, sem dúvida, uma das figuras de 2017, um ano em que bateu recordes, se sagrou como um dos mais titulados na Serie A e que lhe roubou dois sonhos: o da Champions e o da Rússia.

A longevidade de Buffon levou-o a igualar e a bater alguns recordes em Itália, nomeadamente a nível do número de jogos e minutos pela Vecchia Signora. Mais importante foi o facto de ter conseguido o sexto scudetto consecutivo com a Juve. Isso fez de Buffon um de quatro jogadores com oito títulos de campeão italiano: tem a companhia de Virginio Rosetta, Giovanni Ferrari e Giuseppe Furino.

Ainda assim, 2017 trouxe-lhe duas amarguras enormes: mais uma derrota na final da Liga dos Campeões, o troféu que lhe falta numa carreira ímpar, e a eliminação da Itália do Campeonato do Mundo, algo que levou Buffon às lagrimas, num momento de grandeza do bom italiano.

Gerard Piqué

A questão catalã no epicentro político em 2017 e Gerard Piqué esteve lá metido. O defesa do Barcelona continua a ser futebolista controverso em Espanha e, se em campo ganhou uma Taça do Rei, fora dele conquistou amores e ódios.

Piqué nunca deixou ninguém dizer algo por ele. Quando a Independência da Catalunha passou de uma ideia a referendo convocado pelo governo da região, o defesa defendeu o direito à expressão popular, enquanto a Europa se metia numa apreensão.

A divisão Barcelona/Real Madrid no futebol passou para um nível político e nacional por intermédio do defesa culé. Vestido de Barça ou com a camisola da seleção, onde esteve Piqué houve assobios. E embora o som seja indiferenciado no mundo, facilmente se entendeu que o sibilar era castelhano e nunca em catalão.

Antonio Conte

Na temporada em que José Mourinho e Guardiola chegaram à Premier League, ganhou Antonio Conte.

O italiano até começou 2017 a perder. Num dérbi fora com o Tottenham, o Chelsea saiu derrotado por 2-0 e interrompeu a maior série de sempre de vitórias consecutivas na Premier League (na altura, hoje é do Manchester City). Tinha 13, as mesmas que o Arsenal em 2002, e por aí ficou.

Em maio, porém, o Chelsea de Conte viria a tornar-se numa equipa única na história da Premier League: fez 30 vitórias numa única temporada, em 38 jogos. É o máximo de triunfos alguma vez alcançado. Foi campeão, evidentemente.

Para além do título, Conte deixou ainda outra marca: uma equipa a jogar com três defesas nos relvados ingleses. É certo que Inglaterra já tinha visto tais táticas, mas não de forma tão constante e, fundamental, tão eficaz durante uma época. Em 2017, Conte deixou legado na Premier League, mesmo que a segunda parte do ano tenha invertido a posição em relação a Mourinho e Guardiola.

Tite

Adenor Leonardo Bachi. É mais fácil Tite, mesmo. O que não parecia nada fácil, porém, era recuperar o Brasil da depressão mundial após a Copa de 2014. Mas Tite fê-lo. E fê-lo em grande.

O selecionador brasileiro teve um 2017 em cheio. É verdade que o escrete perdeu um jogo com a Argentina, mas basta olhar para os resultados para se perceber o que o Brasil voltou a ter cor no verde e amarelo.

Em janeiro, triunfo sobre a Colômbia em particular; a 23 de março, vitória no Uruguai por 4-1; cinco dias depois, batido o Paraguai em São Paulo, por 3-0. Quem estava no Mundial 2018 no final desse dia? Pois é, a anfitriã Rússia e a canarinha. Recorde-se, é março.

No resto de 2017, Tite cumpriu calendário, pôde observar jogadores e deixar a certeza: o Brasil de 2014 já era, contem com o escrete nos favoritos ao Mundial 2018.

Zlatan Ibrahimovic

Pode um jogador ser uma figura se passar metade do ano lesionado? Pode, se esse jogador for Zlatan Ibrahimovic.

O sueco começou 2017 com um recorde: a 5 de fevereiro, marcou ao Leicester e tornou-se no jogador mais velho a chegar aos 15 golos numa só época, na Premier League.

No mesmo mês, apontou um hat trick na Liga Europa, a confirmar a grande forma em que entrou em 2017.

Ainda em fevereiro, devolveu o Manchester United aos títulos, com a vitória na final da Taça da Liga na qual marcou o 3-2 final, aos 87 minutos. Foi o segundo golo de Ibrahimovic no encontro. Ele que, da bancada, viria a ganhar outro troféu em 2017 e o primeiro título europeu da carreira: a Liga Europa.

Nomeado para jogador do ano em Inglaterra em abril, sofreu uma lesão nos ligamentos de um joelho, a 20 desse mês, que o retirava dos relvados por tempo indeterminado.

A primeira reação foi que, aos 35 anos, Ibrahimovic já não voltaria a jogar futebol. Mas o sueco é um atleta excecional e provou-o com uma das mais fantásticas recuperações que o futebol viu: a 18 de novembro, já com 36 anos, apareceu diante do Newcastle.

Uma semana depois, José Mourinho estreou-o na Liga dos Campeões pelo Manchester United: o sétimo clube que Zatan representou na Champions. O que é recorde absoluto.

Lionel Messi

Obviamente, Messi. O argentino viu Ronaldo ganhar a Bola de Ouro, o The Best, a Liga Espanhola e ainda a Champions. Mas foi ele o Bota de Ouro de 2017.

O futebol de Messi é muito mais do que o golo e quando o 10 do Barça e Argentina marca mais do que todos os outros na Europa, isso significa que teve um ano futebolístico enorme.

O Bernabéu foi palco de um dos momentos icónicos de 2017: Lionel Messi a marcar o golo da vitória sobre o Real Madrid e a mostrar a camisola que usa à bancada. Uma imagem que apenas viria a ser desfocada pela conquista do campeonato pelos rivais, mas que confirmou Messi como o goleador dos goleadores no Clásico espanhol. E, mais tarde, como o melhor marcador na Europa com 37 golos. Foi a quarta vez que o argentino ganhou esse troféu.

Na segunda metade do ano, liderou (lidera) a Liga Espanhola em golos e é a estrela maior de um Barcelona que é primeiro na prova doméstica e arrebatador na internacional: nem a Juventus de Buffon lhe sobreviveu na Champions.

Falta, ainda, a parte argentina do ano de Messi. Com a seleção metida num enorme sarilho na qualificação sul-americana para o Mundial 2018, La Pulga veio em resgate.

No último jogo do apuramento da CONMEBOL, a Argentina precisava de fazer o que não fazia desde 2001: ganhar ao Equador em Quito. Com a albiceleste a perder por 1-0, Lionel Messi fez um hat-trick, evitou uma eliminação histórica (a seleção não falha o Mundial desde 1970) e levou a equipa à Rússia.

Na altura de maior aperto nas últimas décadas, Messi salvou a Argentina.

Kevin de Bruyne

O melhor jogador da, provavelmente, melhor equipa da segunda metade do ano. Com Guardiola na parte azul de Manchester, o belga elevou o nível e tornou-se na maior estrela de um plantel que é uma constelação.

O futebol do City tem tido expoente máximo em Kevin de Bruyne, sobretudo nos jogos com adversários de maior valia.

Vejamos: frente ao Liverpool (5-0) fez duas assistências; com o Chelsea marcou o único golo do jogo e frente ao Arsenal também marcou pelos citizens (3-1); no último jogo, com o Tottenham fez o sétimo golo na época e, tal como em todos os jogos descritos antes foi considerado o Man of The Match. Falta o United? Também aí foi considerado o melhor em campo.

Só nesta última etapa de 2017, De Bruyne tem sete golos e 11 assistências no total das competições. E, de novo, tem sido o melhor jogador de uma equipa que fez em Inglaterra o que ninguém conseguiu: obter 16 vitórias consecutivas.