Dois mil e dezoito vai sempre rimar com Luka Modric. Pelo menos, quando o futebol estiver metido ao barulho. O médio do Real Madrid roubou a bola - o palco, aliás - a dois jogadores que há uma década mostravam não ser deste planeta. Mas o ano teve outras figuras, e este é o convite do Maisfutebol para vir daí conhecê-las, recordar aquilo que fizeram e, porque não, embirrar com elas. Faça bom proveito, caro leitor.

O ano de todos os sonhos de Modric

Que ano, Luka! Após uma década de domínio absoluto de Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, o pequeno grande médio croata terminou com a hegemonia dos dois extraterrestres de forma implacável. Venceu todos os prémios individuais mais importantes... e mais alguns

Se não, vejamos: melhor jogador do Mundial, jogador do ano da UEFA, The Best para o melhor do mundo para a FIFA e Bola de Ouro para a France Football.

Sem a exuberância de Ronaldo e Messi em termos de golos e assistências, o médio de 33 anos personifica em pleno o que é ser um jogador de equipa, tendo sido decisivo na conquista pelo Real Madrid da terceira Liga dos Campeões consecutiva, e na caminhada da Croácia até à final do Mundial de 2018.

Como assumiu o próprio, 2018 foi  para Modric «o ano de todos os sonhos.»

Onze anos depois, o futebol voltou a ser dominado por terrestres. Será o fim do domínio dos extraterrestres Ronaldo e Messi?

Zidane entre a glória e o choque

Em 2018, Zidane reforçou o peso na história do Real Madrid e do futebol Mundial.

Depois das conquistas como jogador, depois de ter levado a equipa espanhola a vencer duas Ligas dos Campeões consecutivas - algo que nenhuma equipa tinha conseguido neste formato – o técnico elevou ainda mais a fasquia e venceu a prova pela terceira vez seguida.

Mas depois da glória, o choque: sem que nada o fizesse prever, Zidane anunciou em conferência de imprensa que era chegada a hora de deixar o Real Madrid para que este pudesse continuar a ganhar.

Sete meses e dois treinadores depois, a realidade dos madridistas não confirma a previsão do treinador francês, e o Real Madrid atravessa uma crise de identidade apenas disfarçada pela conquista do Mundial de clubes.

Mas esse já não é um problema de Zidane que, entretanto, vai surgindo como nome apetecível para os maiores clubes europeus. Em 2019, dificilmente não voltará aos bancos, mas conseguirá voltar a brilhar como fez em Madrid?

Mbappé a correr a toda a velocidade para história

Se pedir a dez adeptos do desporto-rei para apostarem num nome para dominar o futebol internacional na próxima década, dificilmente o nome de Kylian Mbappé não será pronunciado pela maioria.

Surgiu fulminante em 2017 e explodiu neste 2018 de forma incrível. Ainda com 19 anos, sagrou-se campeão francês pelo PSG e foi uma das figuras do título Mundial conquistado pela França na Rússia, quebrando recorde atrás de recorde durante a competição.

Tem tempo? Vamos a isso, então:

Ao pisar o relvado no jogo em que a seleção francesa iniciou a caminhada para o título, Mbappé tornou-se o jogador francês mais jovem de sempre numa fase final; no jogo seguinte passou a ser o mais jovem de sempre a marcar num Mundial pela França; depois, tornou-se no mais novo a bisar desde Pelé; e ainda foi a tempo de se tornar o mais jovem marcar na final de um Mundial, também desde Pelé.

Chega? Obviamente, acabou o Mundial como o melhor jovem da competição, assegurando um lugar no topo do mundo com apenas 19 anos.

Ah, e acabou o ano a conquistar o troféu Kopa, uma espécie de Bola de Ouro do futuro. Ainda que Mbappé seja um valor bem seguro do presente, que corre a toda a velocidade para ficar na história do futebol mundial.

Griezmann fundamental nos títulos de França e Atleti

Mais uma época de grande nível do jogador francês. Além do papel preponderante pela seleção gaulesa, com quatro golos no Mundial, Antoine Griezmann foi fundamental no segundo lugar do Atlético Madrid no campeonato espanhol e também na conquista da Liga Europa.

Não é de admirar, portanto, os festejos dos adeptos colchoneros quando, em vésoperas do arranque do mundial, o menino querido do Atléti anunciou que ia recusar a proposta do Barcelona e permanecer na capital espanhola.

Griezmann optou por não ir para a «sombra de Messi». O tempo encarregar-se-á de mostrar se foi, ou não, a opção mais correta.

Deschamps, campeão do Mundo novamente… 20 anos depois

A Federação Francesa de Futebol deu um voto de confiança a Deschamps depois de o técnico ter perdido o Europeu para Portugal, em casa, numa final que o selecionador francês recordou na véspera do jogo decisivo do Mundial, afirmando que a equipa ainda não tinha superado esse momento.

Dois anos depois, o tempo encarregou-se de dar razão aos responsáveis federativos que viram o antigo médio seguir o exemplo de Zagallo e Beckenbauer, juntando a conquista como treinador ao título mundial que vencera como jogador.

Sem grande surpresa, a FIFA nomeou-o treinador do ano e só a ausência da final-four da Liga das Nações impede que o selecionador tenha tido um 2018 perfeito.

Um sorriso red quase tão grande como o de Klopp

Existe alguém que não simpatize verdadeiramente com Jurgen Klopp? O técnico alemão é uma das maiores figuras do futebol internacional e já não é só pela contagiante boa disposição.

O treinador alemão chega ao Natal na liderança isolada da Premier League, com mais quatro pontos do que o Manchester City e mais seis do que o Tottenham. Mais: é a única equipa que se mantém invicta no campeonato inglês e isso não é nada pouco.

A juntar a isso, foi Klopp quem levou o Liverpool de volta à final da Liga dos Campeões, só sendo travado pelo Real Madrid… e depois de ficar sem Mohamed Salah, a estrela de uma companhia que vale muito pelo coletivo. E pelo treinador que tem no banco, isso é inegável.

Salah: rei de Anfield Road e das dúvidas da final da Champions perdida pelo Liverpool

O que poderia o Liverpool ter feito na final da Liga dos Campeões se não tivesse ficado sem Mo Salah logo aos 30 minutos de jogo? Essa questão vai ecoar – e ficar sem resposta – durante muitos anos, mas é inegável a importância que o jogador egípcio tinha na equipa orientada por Klopp.

2018 foi o ano em que Salah bateu recordes, recordes e mais recordes. Foi o ano em que «o rei do Egito reclamou o trono do futebol europeu», numa exibição incrível diante da sua antiga equipa, a Roma, na primeira meia-final da Liga dos Campeões.

Mas quando se falar de Salah e do ano 2018, será sempre a falta cometida por Sergio Ramos – que até pediu desculpas – na final da Champions que será mais recordada. Ela que já fez correr tanta tinta.

Guardiola e os títulos em Inglaterra estavam condenados a encontrar-se

Ao segundo ano em Inglaterra, Pep Guardiola conquistou os primeiros dois títulos. E fê-lo como fez quando ganhou em Espanha e na Alemanha: com uma equipa de assinatura.

Em fevereiro, Guardiola conquistou a Taça da Liga, numa vitória clara por 3-0 sobre o Arsenal. Mas o técnico queria mais a principal vitória estava guardada para abril, numa tarde em que o treinador catalão estava, tranquilamente, a jogar golfe, enquanto o Manchester United de Mourinho lhe entregava o título.

Os méritos e os recordes da equipa, contudo, são inegáveis – e Guardiola partilhou-os de forma emotiva com todo o plantel e staff.

Na época do Man. City, faltou ir mais longe na Liga dos Campeões e, já na segunda metade do ano, travar o Liverpool que tem sido a equipa mais forte na Premier League. Mas Guardiola não deixa de ser uma das figuras de 2018.

Scolari recusou o Sporting e (re)conquistou o Brasil

Setenta anos e Luiz Felipe Scolari continua como o vinho do Porto – ele até faz o mesmo que meninos de 20 anos… mas menos vezes. Em junho, em plena crise do Sporting, confirmou ao Maisfutebol que não podia aceitar o convite que lhe tinha sido feito para orientar os leões, meses depois a aposta revelava-se certeira no Brasil.

Chegou ao Palmeiras ainda a ter de justificar o fracasso do Mundial de 2014 e o traumatizante 7-1 com a Alemanha, mas terminou o ano a (re)conquistar o Brasil.

Vinte e dois anos depois, voltou a ser campeão no seu país. E depois, deu show, levou banho de cerveja e ainda deu uns tapas. E o burro é ele?

Ada Hegerberg os números incríveis da primeira Bola de Ouro Feminina

Ada Hegerberg. Já todos deviam ter decorado este nome. A jogadora norueguesa, de 23 anos, que joga no Lyon desde 2014, tornou-se a primeira vencedora da Bola de Ouro da France Football.

Para isso, muito contribuiu o título da Liga dos Campeões conquistado pela equipa francesa, num percurso em que Ada Hegerberg foi, de longe, a grande figura da equipa, marcando 15 golos em nove jogos. No mínimo, notável.

[Artigo originalmente publicado às 23h51 de 23-12-2018]