Adeus à Liga 2013/14. A 30ª jornada esclareceu as dúvidas em torno da zona de despromoção e confirmou uma tendência nesta prova: a bússola apontou para sul.

O que mudou em comparação com a época passada? Equipas como o Paços de Ferreira, o FC Porto e Sp. Braga caíram a pique na classificação, entregando pontos que foram aproveitados por Sporting, Vitória de Setúbal ou Estoril.

Jorge Jesus conduziu o Benfica ao título nacional e nem precisou de melhorar consideravelmente o rendimento da equipa.

A formação encarnada demonstrou maior eficácia e equilíbrio, beneficiando da quebra progressiva dos seus concorrentes diretos pelo título. O Benfica termina com o melhor ataque da prova mas o pior na era Jesus (58 golos marcados). A defesa, por outro lado, é a melhor de sempre no legado do treinador, com apenas 18 tentos consentidos.

Na última temporada, o FC Porto foi campeão com 78 pontos e o Benfica terminou com 77. Desta vez, bastaram 74 pontos para garantir o troféu.

77 pontos perdidos acima do rio Douro

Os dragões simbolizam a época modesta de grande parte dos clubes acima do rio Douro. A formação azul e branca terminou a prova na terceira posição, com 61 pontos (menos 17).

Na Liga, apenas um emblema nortenho subiu de produção. Consegue descortinar o enigma sem acabar de ler este texto? Não é tão simples como parece.

O Paços de Ferreira demonstrou como é possível viajar entre o céu e o inferno em apenas trinta jornadas. Foram 30 pontos (!) perdidos na comparação com a época passada, justificando a queda do 3º para o 15º lugar e a necessidade do recurso a um play-off com o Desportivo das Aves para garantir a continuidade na prova. 

 
Em Braga aconteceu outro desastre. José Peseiro deixara a equipa na quarta posição, vencendo igualmente a Taça da Liga, António Salvador quis mais mas termina a época com o segundo treinador (Jorge Paixão substituiu Jesualdo Ferreira), a nona posição, sem qualquer título e com menos quinze pontos.

O Vitória de Guimarães (menos cinco pontos) e o Rio Ave (menos dez) ficaram atrás da formação arsenalista na tabela classificativa, embora o trabalho de Rui Vitória – renovou contrato com os vitorianos – e de Nuno Espírito Santo – geriu a equipa nos últimos jogos face à presença nas finais da Taça da Liga e da Taça de Portugal – não mereça grandes reparos.

Os vilacondenses, aliás, vão disputar ainda a Supertaça de Portugal e a Liga Europa na próxima época, graças a esse desempenho nas taças.

Quem melhorou, afinal, a Norte? Apenas o Gil Vicente, com mais seis pontos que na época passada. A primeira volta e o triunfo na última jornada frente ao Nacional deixaram a equipa de João de Deus com um saldo positivo.

Para o ano a Liga receberá Moreirense, Penafiel e, ao que tudo indica, Boavista. Entre P. Ferreira e D. Aves, um deles disputará a próxima edição da prova. Ou seja, maior representatividade nortenha.

Sorrisos rasgados entre Alvalade e o Bonfim

Este ano, contas feitas, o domínio da Liga virou para centro e sul. O Sporting apareceu com nova cara em 2013/14 e pode ser distinguido como o grande vencedor da época, saltando do 7º para o 2º lugar. Leonardo Jardim garantiu mais quinze pontos para os leões, não obstante a despedida amarga: derrota caseira, a primeira, na receção ao Estoril (0-1).

A formação da Linha conseguiu superar o registo impressionante da temporada passada. Desta vez, terminou na quarta posição e somou mais nove pontos. Trabalho exemplar de Marco Silva. 

 
Em Setúbal, o Vitória protagonizou a segunda maior recuperação pontual na comparação entre épocas. Em maio de 2013, ficou perto da linha de água com 26 pontos. Um ano mais tarde, chegou aos 39 com José Couceiro e pode festejar o sétimo lugar, à frente de emblemas que apresentaram candidaturas à Europa.

Logo atrás surge a Académica, beneficiando com o projeto sustentado de Sérgio Conceição. Mais nove pontos que na época passada, terminando na oitava posição. 

A Madeira mais forte e a salvação dos promovidos

As equipas da Madeira também subiram de produção. Para o Nacional, a obtenção de mais cinco pontos foi suficiente para deixar a equipa de Manuel Machado no quinto lugar (subiu três posições), garantindo dessa forma a qualificação para a Liga Europa.

O Marítimo despediu-se do campeonato com uma vitória frente ao Rio Ave e melhorou, dessa forma, o registo da época passada. Diferença de três pontos e a subida do décimo para o sexto lugar. Ainda assim, terminou o ciclo de Pedro Martins. Segue-se Leonel Pontes.

Os clubes promovidos justificaram a presença na Liga. Destaque natural para o Arouca, apenas o quarto estreante a garantir a permanência nos últimos vinte anos. Pedro Emanuel sorriu primeiro que Lito Vidigal. De qualquer forma, Lito cumpriu o objetivo a que se propôs. Na reta final, tirou o Belenenses na zona de despromoção e selou a continuidade. 

Em Olhão, um ponto fez toda a diferença. Em 2012/13, 25 pontos bastaram para garantir a continuidade na Liga. Desta vez, os algarvios terminaram com 24 e foram despromovidos automaticamente. Com mais um, iriam pelo menos ao 'play-off'. A região perde o seu representante na prova.