Chegou ao fim o Mundial de sub-17 e, surpresa ou não, a Nigéria venceu pela segunda vez consecutiva a competição (quinto troféu da sua história), ao bater o rival africano Mali, numa final disputada em Viña del Mar (Chile). O triunfo das Super Águias foi o corolário lógico de uma superioridade patenteada ao longo de praticamente todo o Campeonato do Mundo, mesmo tendo em conta o bom nível apresentado por vários rivais ao longo das últimas três semanas.



A nível coletivo foram várias as equipas que sobressaíram: o México, campeão há quatro anos e um habitué nestas andanças, o Mali, surpreendente finalista e que continua a exibir um crescimento pujante do seu futebol jovem, a Bélgica, melhor seleção europeia desta edição, além da Croácia made in Dinamo Zagreb, do atrevido Equador ou ainda da interessante Costa Rica, que chegou aos quartos-de-final depois de ter afastado a campeã europeia França nos oitavos.

Em termos individuais, pois claro, também não podiam faltar vários nomes, certamente já bem sublinhados nos cadernos de «scouting» dos principais emblemas do futebol mundial. O Maisfutebol apresenta-lhe um «onze» ideal da prova e acrescenta-lhe mais sete nomes alternativos a seguir nos próximos tempos. Quem sabe se algum destes jovens craques não acabará numa equipa portuguesa dentro de pouco tempo...

O «onze» ideal para o Maisfutebol



José Gabriel Cevallos (Equador): Filho mais novo do mítico José Cevallos, seguiu os passos do pai ao tornar-se guarda-redes. Ágil e com reflexos notáveis, o guardião do Liga de Quito ofereceu-nos defesas de muito bom nível ao longo dos cinco jogos que o Equador disputou neste Campeonato. Outros nomes se destacaram nesta posição, mas este terá sido aquele que mais grata impressão deixou ao longo da competição...

Diego Cortés (México): Para a história, fica o golo que correu Youtube e redes sociais, na meia-final, passando meia equipa da Nigéria. No entanto, o Mundial deste lateral-direito foi muito mais que isso: tecnicamente dotado e capaz no drible, assumiu ações de condução em velocidade e arriscou no um para um. Rápido, com potência e com bons pés, foi um dos artífices do grande Mundial dos mexicanos. Joga no histórico Chivas.

Wout Faes (Bélgica): Grande prova do central que é comparado vezes sem conta a David Luiz (e não é só pelo penteado...). O jovem do Anderlecht é um jogador poderoso em termos físicos, rápido e forte no desarme. Corajoso, arrisca subidas até ao ataque em várias situações, embora essas circunstâncias o deixem exposto nalgumas ocasiões. Poderá ter um futuro brilhante pela frente, se potenciar as qualidades e aprender com os erros.

Francisco Venegas (México): Central do lado esquerdo, canhoto, fez um Mundial de nível superlativo, assim como o seu companheiro do centro da defesa, Esquivel. Patrão, com sentido posicional e forte jogo aéreo, destacou-se pelos golos marcados (três) mas também pela contundência com que abordava os lances defensivos, mesmo nunca perdendo uma certa elegância na forma de jogar.

Pervis Estupiñán (Equador): Já titular no histórico Liga de Quito, foi uma das referências do Equador, uma das oito melhores seleções deste Mundial. No torneio sul-americano de apuramento, tinha demonstrado bastante nível e voltou a repetir a dose em solo chileno, lançando-se constantemente ao ataque e mostrando uma certa fiabilidade em termos defensivos. Apontou ainda dois golos, o que revela também uma certa vocação para o remate do lateral. Muita atenção aos próximos meses da carreira deste jogador...

Alan Cervantes (México): Médio com muito boa saída de bola e critério no passe, era o responsável pela primeira fase de construção da seleção mexicana. Além do mais, desprendia-se bem em ações mais ofensivas, aparecendo várias vezes na segunda linha, fazendo uso sobretudo da sua boa visão de jogo. Importantíssimo para qualquer treinador, é outro dos elementos desta equipa que vai crescendo na formação do Chivas.



Kelechi Nwakali (Nigéria): Eleito melhor jogador do torneio, apesar do brilharete do compatriota Osimhen. Pausa, qualidade com a bola no pé, ordem, critério e grande qualidade de passe. Além do mais, consegue incorporar-se na segunda linha e aparece algumas vezes em zona de remate. O seu irmão foi campeão mundial da categoria há dois anos e Kelechi seguiu-lhe as pisadas. Ambos pertencem ao Manchester City, por certo...

Nikola Moro (Croácia): Um dos craques da brilhante seleção croata, talvez a estrela maior dessa equipa com base em Zagreb (visto que grande parte dos convocados jogam no Dinamo). Tecnicamente dotado, incorpora-se bem entrelinhas e cria inúmeros desequilíbrios nas suas ações, sobretudo através do passe. Além disso, possui uma boa capacidade de remate, sobretudo de pé direito, embora não tenha uma canhota cega.

Josip Brekalo (Croácia): Outra estrela da geração 1998 das escolas do Dinamo Zagreb. Desconcertante quando pega na bola e procura o espaço interior, joga a partir da esquerda, mas como é destro acaba boa parte das jogadas mais por dentro. Inteligente, dinâmico e com remate fácil, foi uma das revelações desta bela seleção croata e, por consequência, deste Campeonato do Mundo.

Aly Malle (Mali): Dois golos, duas assistências e muito futebol nos pés deste canhoto, ele que foi uma das estrelas da campanha do vice-campeão mundial. Móvel, com velocidade e inteligente nas movimentações, mostrou-se quase sempre preponderante nas manobras ofensivas da formação maliana. Bom projeto de jogador, apesar das dúvidas que os jogadores africanos levantam sempre nestas idades...



Victor Osimhen (Nigéria): Dez golos em sete partidas fizeram dele o goleador-mor deste Mundial sub-17. O miúdo (com físico de graúdo) dos Ultimate Strikers nigerianos revelou um sentido de baliza absolutamente notável, além de possuir uma tendência a cair nas faixas em muitos momentos para oferecer linhas de passe ou arrancar de fora para dentro. Há apenas dois anos vendia água nas ruas nos semáforos de Lagos, capital nigeriana, para ajudar a família. Hoje é cobiçado pelos «tubarões» da Premier League.

Além destes 11 jogadores, outros nomes se destacaram. A seguir: Samuel Diarra (Mali), Sekou Koita (Mali), Kevin Magaña (México), Davor Lovren (Croácia), José Esquivel (México), Johannes Eggstein (Alemanha), Dante Rigo (Bélgica).