Eric Abidal, antigo secretário técnico do Barcelona, revelou detalhes desconhecidos da sua passagem pelo clube catalão, numa longa entrevista ao jornal inglês The Telegraph, na qual deixa duras criticas à direção de Josep Maria Bartomeu, desde a escolha do treinador, às contas do clube e ao gorado regresso de Neymar.

O antigo internacional francês começa por contar que chegou a trabalhar com uma empresa inglesa para resolver a crise económica no Barça, mas Bartomeu deixou cair a solução proposta. «Em março de 2019 apresentei uma empresa ao clube. Não vou dizer qual é, mas tivemos duas reuniões em Inglaterra. Estavam dispostos a investir uma grande quantidade de dinheiro ara resolver a situação naquele momento. Estivemos a falar até novembro de 2019, mas no final não aconteceu nada», revela.

Não aconteceu nada porque, segundo Abidal, a direção do Barça não estava interessada em mostrar as contas do clube. «O Barcelona estava a proteger a informação das suas contas. Quando tens uma empresa que quer investir, é natural que queira saber tudo. Mas o Barça queria manter as contas em segredo. Entendo que seja uma vergonha mostrar às pessoas e admitir que não estás a gerir bem o clube. Essas pessoas queriam ajudar a administrar o clube, mas no Barcelona toda a gente queria proteger-se», acrescentou.

O antigo dirigente assumiu também uma relação difícil com Messi e uma conversa mais exaltada, mas desvaloriza o choque com o argentino que estava a representar o plantel. Quanto ao regresso de Neymar, Abidal explica que acabou por cair porque Bartomeu contratou Griezmann.

«Dez dias antes de fechar o mercado, fui a Paris para falar com o Leonardo. Falámos sobre o Neymar. Não veio porque contratámos o Griezmann antes. Estou cem por cento convencido de que podíamos ter trazido o Neymar porque precisávamos de um extremo e ele era incrível. Não é uma questão de quem é melhor, era a posição que precisávamos. A equipa precisava de um verdadeiro extremo. O presidente decidiu contratar Griezmann», conta.

A escolha do treinador também foi motivo de conflito. Abidal colocou Pochettino no topo da lista, mas Bartomeu apostou em Quique Settién. «Na minha lista estavam Pochettinio, Setién, Allegri e Xavi. Escolheu-se o Quique, mas a minha primeira opção era Pochettino», destaca.

Quanto ao futuro com Laporta. «Pode ser bom para o clube porque já sabe como funcionam as coisas. Não estou preocupado. Se as suas ideias foram boas, o clube pode recuperar. Messi é o melhor de todos os tempos e é importante que fique porque continua a ser um jogador-chave. O resto do plantel depende da sua decisão, todo o projeto, as ideias da direção e o treinador. É preciso melhorar o Barça para Messi? Não sei…», comentou ainda.