Ronald Koeman apresentou-se visivelmente desgastado na conferência de imprensa de antevisão da deslocação do Barcelona ao Wanda Metropolitano para o jogo de sábado com o Atlético Madrid. O treinador respondeu de forma curta a muitas das perguntas e chegou a indignar-se quando lhe pediram um balanço da sua passagem pelo clube: «Até parece que já não estou aqui», atirou.

O treinador até entrou bem-disposto na sala e, em tom de brincadeira, repetiu a habitual frase do compatriota Louis van Gaal antes do início das conferências de imprensa: «Bom dia amigos da imprensa, que bom estarem aqui», atirou ainda sorridente.

A primeira pergunta ainda foi sobre o jogo com os colchoneros. «São duas equipas com estilos diferentes, mas ambas com a ambição de ganhar muitas coisas. Eles foram campeões o ano passado porque mereceram com o seu jogo. É muito difícil criar oportunidades frente a eles. É uma grande equipa a defender a sua área. De certeza que não vamos ter mais oportunidades daquelas que tivemos frente ao Benfica, mas se tivermos três ou quatro temos de tentar marcar para ganhar», começou por analisar.

Depois vieram as sucessivas perguntas sobre o seu futuro próximo e, foi nessa altura, que Koeman perdeu o bom-humor e começou a responder de forma mais curta.

Está de saída?

- Ainda aqui estou.

Este jogo decide o seu futuro?

- O clube não me disse nada, essa é a verdade. Soube que o presidente esteve aqui esta manhã, mas nem o vi. Estivemos a treinar como é habitual. Tenho orelhas e olhos e sei que se filtram muitas coisas, mas a mim ninguém me disse nada.

Uma derrota pode decidir o seu futuro?

- É uma pergunta para amanhã. Eu não sou o mais importante, mas sim a equipa. Estou aqui por amor ao clube que vem de uma situação muito complicada e parece estar mais complicada do que estava. Toda a gente tem opinião, mas a mim só me interessam os jogadores e preparar o jogo.

Não tem relação com o presidente?

- Não vou responder a essa pergunta.

Como avalia o seu trabalho?

- Estou farto de defender o meu trabalho. Temos feito coisas importantes, assumimos as alterações da parte do clube. Há pessoas que acham que há falta de respeito ou que o clube precisa de tempo. Um dia gostaria de dizer o que penso.

Outro treinador vai ter os mesmos problemas com este plantel?

- Não sei se outro treinador poderia conseguir melhores resultados. Há muitos jovens. Fala-se muito no sistema. Não há extremos. O trabalho do treinador é trabalhar com os jogadores que tem. Se tivesse uma bolsa com dinheiro, teria o Messi aqui e teria outros jogadores para controlar e pressionar. Se recuperarmos os avançados podemos ter um plantel forte e os jovens pedem jogos, merecem oportunidades.

Como se sente neste ambiente?

- Sinceramente, podia estar melhor.

Melhor e pior momento esta época no Barcelona?

- Até parece que já não estou no clube. O melhor momento foi quando assinei. O pior foi a saída do Messi.

Dificuldades frente a equipas mais fortes?

- Falta equilíbrio. Temos poucos avançados disponíveis. O Ansu está próximo da melhor forma, mas ainda não joga os 90 minutos, esteve muito tempo fora. Faltam-nos jogadores de um-para-um, falta-nos velocidade. Quando criamos espaços, falta-nos eficácia. O Atlético pode criar menos oportunidades do que nós, mas é capaz de fazer um remate à baliza e marcar um golo. No outro dia na Liga dos campeões, ao mais alto nível, em quatro oportunidades tínhamos de marcar no mínimo um ou dois. É a grande diferença e custa.