Augusto Inácio tinha prometido um trunfo para o jogo com o Benfica e manteve-o em segredo até ao anúncio oficial da constituição da equipa. Depois de revelar, durante a semana, que iria dar a André Leão a oportunidade de estrear-se no onze em plena Luz, o técnico do Beira-Mar preferiu resguardar aquele a quem deu a missão de render Vasco Matos na linha inicial. Poucos suspeitaram que era chegada a vez do jovem Camora (20 anos) figurar entre as primeiras escolhas e «engordar» os cinco minutos jogados até então, frente ao Estrela da Amadora. O próprio não escondeu a surpresa quando o técnico lhe deu a notícia¿
Mário Jorge Melino Paulino, de seu nome completo, ganhou a alcunha em pequeno por não conseguir pronunciar correctamente¿ Samora Correia, a localidade onde nasceu, cresceu e começou a jogar futebol, nos Distritais, pela equipa da terra. Do Ribatejo saiu para Arcos de Valdevez na última época, onde esteve apenas seis meses, até ser contratado pelo Beira-Mar, em Janeiro desde ano.
A boa nova chegou-lhe durante o estágio. «Quando o mister me disse que ia jogar, confesso que fiquei surpreendido e, ao mesmo tempo, muito contente. Pela semana de trabalho, tinha alguma esperança, mas estava preparado para ambas as situações», admite o avançado dos aveirenses. A estreia a titular é que não foi acompanhada do resultado mais desejado. «É claro que preferia não ter jogado e a equipa ter vencido. Mas tenho a consciência de que não foi pela aposta nos jovens que perdemos. A culpa é de todos», sustenta.
Nervoso no aquecimento
Os minutos que antecederam o início da partida pareceram intermináveis. «Jogar pela primeira vez a titular na Liga e, ainda por cima, na Luz mexe com qualquer um. Senti uns arrepios na barriga durante o aquecimento, que passaram depressa, quando o jogo começou», recorda o «caloiro» dos aveirenses, que contou com o apoio especial dos colegas: «Puseram-me à vontade e disseram-me que aquele seria apenas mais um jogo. Só tinha de fazer aquilo que fazia nos treinos.»
Do jogo, ficou-lhe a ideia de que a equipa esteve bem até perder a organização necessária para resistir a um «grande» no seu terreno: «Defendemos bem na primeira parte, mas, na segunda, desconcentrámo-nos com o primeiro golo e eles aproveitaram para dilatar a vantagem.» Apesar da derrota, Augusto Inácio teceu elogios aos jogadores que lançou e isentou-os de responsabilidades. Camora apreciou as palavras do técnico e agradeceu-lhe a confiança: «Senti um grande orgulho. É sinal de que gostou do nosso trabalho e estivemos bem.»
À medida que se vai adaptando à Liga, Camora começa a justificar mais oportunidades de jogar pelos aveirenses e acredita que, tal como ele, a equipa vai subir de produção e vencer esta fase cinzenta ¿ seis jogos sem vencer ¿ para atingir rapidamente a meta da manutenção. «Estou a ganhar experiência e a aprender coisas novas todos os dias. Tudo tem corrido bem e penso que vai acontecer o mesmo com a equipa. O nosso grupo é muito forte, há que continuar a trabalhar e a jogar bem. Os resultados vão aparecer», finaliza.