O Beitar Jerusalém, onde joga o português Diogo Verdasca, clube conhecido por ser o mais sionista de Israel, com ligações ao partido nacionalista-conservador Likud, vendeu metade das ações a um elemento da família real dos Emirados Árabes Unidos.

A notícia é ainda mais surpreendente pelo facto de o clube ser conhecido por não aceitar jogadores árabes devido à intolerância dos adeptos radicais, da claque «La Familia» (que grita «morte aos árabes» nos estádios).

Em 2013, o clube era detido por um milionário magnata russo-israelita, Arcadi Gaydamak, que contratou dois jogadores muçulmanos chechenos, mas a claque fez questão de fazer com que não ficassem muito tempo no Beitar.

Os adeptos empunharam cartazes a dizer: «Beitar puro para sempre» e, quando um deles marcou um golo pelo clube, a claque abandonou o estádio, em vez de aplaudir.

O dono que se seguiu, Moshe Hogeg, fez questão de, desde o início, frisar que não toleraria comportamentos racistas e discriminatórios por parte dos adeptos, ameaçando processar quem o fizesse.

Foi ele quem abriu a porta a esta mudança no Beitar e agora divide o clube com o novo dono, o xeque Hamad bin Khalifa Al Nahyan, num acordo que surge no contexto do acordo entre Israel e os Emirados Árabes Unidos para normalizar as relações diplomáticas.

«Estou emocionado por ser parceiro de um clube tão glorioso, do qual ouvi falar tanto e muma cidade tão grande, a capital de Israel e uma das cidades mais sagradas do mundo», disse Hamad bin Khalifa Al Nahyan, mostrando-se «satisfeito por fazer parte da mudança» no clube.

Moshe Hogeg destaco que o anúncio foi selado na véspera do Hanukkah, importante celebração anual judaica que lembra a luta do povo judeu e celebra a vitória da luz sobre a escuridão. «Juntos, marcaremos o clube para novos dias de coexistência, conquistas e fraternidade para bem do nosso clube, comunidade e para o desporto de Israel», concluiu.