O presidente do Belenenses, Patrick Morais de Carvalho, revelou que o clube vai vender brevemente os 10% da participação social na SAD.

«Vamos, muito em breve, vender os 10% da participação social que ainda temos naquela sociedade comercial. Portanto, nada nos ligará àquela sociedade. Com a venda desses 10%, cabe à SAD, à Liga ou à FPF encontrarem outra identidade à equipa que joga no Jamor», anunciou o responsável.

Recorde-se que o Belenenses e a SAD entraram em litígio, o que levou o clube até aos campeonatos distritais de futebol de Lisboa,

Em declarações à Lusa no âmbito da celebração do centenário do Belenenses, Patrick Morais de Carvalho abordou a cisão com a SAD e criticou a atuação da sociedade desportiva, que acusa de «passar-se por aquilo que não é.»

«Ninguém tem dúvidas de qual é o verdadeiro Belenenses, é aquele que joga no Restelo, com a cruz de Cristo ao peito. A única coisa que cedemos à SAD foi o direito desportivo de competir na I Liga, não cedemos a história nem os direitos sobre a nossa marca. Aquilo é uma empresa totalmente alheia ao clube, que não pode continuar a tentar passar-se por aquilo que não é», frisou, revelando mágoa por ver o Belenenses a comemorar 100 anos longe dos grandes palcos do futebol português.

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«Acreditamos que o clube voltará rapidamente ao mais alto nível. É impossível esta equipa chegar onde tem de chegar no mais curto espaço de tempo se não for levada ao colo pela massa associativa. O apoio tem sido extraordinário, temos sempre milhares de adeptos a assistir aos jogos do Belenenses», expressou.

«Subimos o ano passado, este ano acredito que vamos subir outra vez. Estamos a reunir condições para, em cada contexto, sermos competentes. Tenho poucas dúvidas que, no final, atingiremos os nossos objetivos. A nossa mentalidade é apenas ganhar», disse.

Para além do futuro futebolístico, Patrick Morais de Carvalho enumerou outros objetivos para o clube a curto prazo, que passam sobretudo pela requalificação do complexo desportivo do Restelo, que se encontra «muito deteriorado e obsoleto», e pela gestão financeira disciplinada.

O Belenenses, fundado em 23 de setembro de 1919, comemora 100 anos de existência na segunda-feira, numa data assinalada por cerimónias religiosas e homenagens a grandes figuras do clube, como Pepe, Matateu, Vicente Lucas e o plantel campeão nacional de futebol, em 1945/46.

«É uma data muito importante, não são muitas as instituições em Portugal que atingem 100 anos de vida e com saúde. Chegamos aos 100 anos equilibrados financeiramente, com sustentabilidade para o futuro e com a massa associativa mais unida do que nunca. É um motivo de orgulho para todos os belenenses», afirmou o presidente.

«O Belenenses continua a ser um dos quatro grandes, não só no futebol, mas em todo o desporto nacional. É o clube mais rico de Portugal, tem todas as mais altas condecorações do Estado português. O Belenenses nasceu num banco de jardim e foi sabendo resistir ao longo destas décadas, muito resiliente, tendo sido várias vezes prejudicado», avaliou.

Patrick Morais de Carvalho recordou os grandes momentos do Belenenses ao longo da sua história, que teve o apogeu na conquista do campeonato nacional na temporada 1945/46.

«Há momentos extraordinários do Belenenses. Desde logo, termos tido o Estádio das Salésias, que foi o primeiro estádio em Portugal com relva, bancadas, pista de atletismo e iluminação artificial. O Campeonato Nacional é, talvez, o ponto mais alto da história do clube. Mas também os Campeonatos de Portugal, a vitória nas três Taças de Portugal, títulos em praticamente todas as modalidades», enumerou.