O Belenenses deu um pontapé na crise ao bater o V. Setúbal (2-1), tirando máximo proveito da estratégia arrojada de Jaime Pacheco para chegar à quarta vitória da temporada, por sinal, a primeira da segunda volta. Um triunfo assente na aposta em três avançados, numa espécie de tudo-ou-nada, que acabou por correr bem para o lado dos «azuis» que, como se lia numa faixa nas bancadas, continua a acreditar na manutenção. O Vitória tentou reagir, mas não conseguir esconder as extremas limitações do seu ataque que, esta semana, ficou órfão de Mateus.
Jaime Pacheco surpreendeu ao apostar num onze de cariz bem ofensivo, com Saulo, Marcelo e Roncatto bem adiantados no terreno, reforçando a dose de responsabilidade sobre os ombros de Silas e Zé Pedro, com Diakité mais recuado, encarregados de estabelecer a ligação com o ataque e segurar as pontas. Carlos Cardoso, sem poder contar com Mateus, que rescindiu durante a semana, apostou num esquema mais conservador, colocando Ricardo Chaves e Hugo à frente da defesa, e um trio no apoio ao desamparado Laionel.
A estratégia azul era simples e elementar: não perder tempo a trocar a bola no meio-campo e optar por longos lançamentos para o trio de avançados. E não foi preciso esperar muito para colher os primeiros dividendos. Silas a abriu na esquerda para Zé Pedro que cruzou para o coração da área. Marcelo saltou nas alturas com Kieszek que afastou a bola com os punhos para os pés de Saulo que, sem ninguém pela frente, atirou a contar. O Vitória tentou reagir de pronto e o jogo ganhou velocidade, mas com Bruno Gama sobre a esquerda e Laionel no lado contrário, não sobrava ninguém para finalizar. Num lance de bola parada, o Belenenses apanhou a defesa sadina a dormir e Saulo, ao segundo remate, fez o seu segundo golo, agora de cabeça.
O Vitória tentou reagir, explorando bem as alas, mas continuava a faltar uma referência na área. Carlos Cardoso procurou corrigir essa lacuna, lançando Joeano para a frente em detrimento de Elias, com Bruno Gama e Laionel a assumirem o papel de extremos que já estavam a desempenhar. Mas foi o Belenenses que voltou a entrar melhor na segunda parte e Marcelo chegou a ter o 3-0 nos pés a passe de Mano. Cardoso continuou a fazer experiências no ataque, trocando o esforçado Laionel por Leandro Branco, mas o novo avançado esteve apenas três minutos em campo, recebendo ordem de expulsão depois de entrada dura sobre Tininho.
Foi o golpe de misericórdia sobre o Vitória e uma almofada de tranquilidade para o Belenenses que se limitou a gerir o resultado até final. A apatia dos azuis nos últimos instantes ia-lhes saindo cara, uma vez que o Vitória ainda reduziu, na sequência de um erro crasso de Júlio César. Apesar de tudo, equipa do Restelo consegue, assim, um precioso triunfo, o primeiro desde Janeiro, que lhe permite colocar a cabeça fora da linha de água, deixando o Rio Ave para trás e ultrapassando o Trofense que só joga na segunda-feira, em casa, com o Nacional.