Muriel Becker, 31 anos e figura da 8ª jornada para o Maisfutebol. O guarda-redes do Belenenses foi preponderante no triunfo sobre o Benfica por 2-0 no Estádio Nacional, naquela que foi a primeira derrota dos encarnados na Liga em 2018/19.

Ao todo, o guardião brasileiro contou sete defesas mais outras que acabaram por não ficar nas estatísticas devido a foras de jogo que foram assinalados. Muriel, que coloca a exibição frente ao Benfica no top-3 da carreira, quer que essa noite sirva de inspiração para o que resta da época do Belenenses, mas avisa: «Não adianta contentarmo-nos em fazer um jogo bom.» (entrevista inserida na rubrica Davides & Golias do programa Maisfutebol.

 

Chegou a dar a ideia de que os jogadores do Benfica poderiam ter continuado a noite toda a tentar, que a bola continuaria sem entrar.

Graças a Deus que conseguimos fazer um grande jogo e eu consegui ajudar a nossa equipa. Fico muito feliz por termos saído com esta grande vitória.

O treinador do Belenenses disse depois que o jogo foi mais complicado do que esperava. Também foi mais difícil do que pensava para si?

O Benfica é uma das melhores equipas e quem joga lá atrás sabe que vai ter trabalho. Conversámos muito antes do jogo e no intervalo. Apesar do volume que o Benfica teve, conseguimos defender-nos bem. Depois marcámos e pudemos ter mais tranquilidade.

Tem ideia de quantas defesas fez naquela noite?

Eu pude ver depois e, se não me engano, acho que foram sete e ainda mais as que foram fora de jogo.

E que lugar ocupa a exibição no ranking das melhores prestações da sua carreira?

Acho que está no meu top-3. Sem dúvida que foi o melhor jogo em Portugal.

Quais foram os outros dois jogos?

Uma foi contra o Santos, que na época tinha o Neymar, na [Taça] Libertadores em 2012 lá no Beira-Rio [n.d.r.: estádio do Internacional de Porto Alegre] e a outra foi na minha estreia como titular, também no Internacional, num jogo contra o Coritiba em 2011.

Recebeu muitas mensagens depois do jogo com o Benfica?

Bastantes. É um jogo que aparece no mundo inteiro e fico muito feliz por dar alegria e orgulho aos meus amigos e familiares.

Alguma dessas mensagens foi do seu irmão Alisson?

Sem dúvida. O Alisson está sempre a acompanhar. Postou também no Instagram e trocamos sempre ideias depois dos meus jogos e dos dele. Estamos sempre em contacto e ele também ficou muito feliz.

Ele vê habitualmente os seus jogos?

Sempre que consegue, acaba por olhar. Às vezes jogamos no mesmo dia, mas ele acaba por ver os lances.

E quem dá mais conselhos a quem? O Muriel, enquanto irmão mais velho de Alisson, ou Alisson, que é guarda-redes do Liverpool e titular da seleção brasileira?

Essa «briga» é boa. Desde crianças que temos essa troca [de conselhos]. O Alisson tem muita maturidade e sempre nos tratámos de igual para igual. Acho que isso é muito importante para a carreira dos dois.

O Belenenses passou por um período complicado até ao jogo com o Benfica e o Muriel também teve um jogo difícil contra o Sp. Braga. É fácil dar a volta por cima e manter os níveis de confiança intactos?

Quando trabalhamos e damos o máximo, sabemos o que podemos fazer. Não somos máquinas e sabemos que todos estamos sujeitos ao erro. No meu caso, enquanto guarda-redes, quando eu errar fatalmente vai ser golo da equipa adversária. Mas eu sei do meu potencial e do potencial da equipa. Tivemos jogos muito difíceis em casa, duas derrotas com equipas que estão acima na tabela e agora tivemos o Benfica, que é outra equipa que está lá em cima. Fora de casa, temos conseguido fazer bons jogos. Acredito que podemos estar mais em cima na tabela. Confio muito no potencial da nossa equipa. Silas tem feito um grande trabalho, tem-nos dado tranquilidade e todas as ferramentas para trabalhar. Que esse jogo com o Benfica sirva de inspiração para nós, mas não adianta contentarmo-nos em fazer um jogo bom.