Frio. Como o tempo. Como as bancadas. Foi sem grande calor que o Benfica avançou para a quinta eliminatória da Taça de Portugal, depois de ter eliminado a Académica (3-1). A equipa encarnada chegou aos dois golos de vantagem quase sem aquecer mas depois permitiu a reacção do adversário e ainda passou por alguns sustos, até que veio o calmante.
Bolas paradas para aumentar a temperatura
O início da partida foi pautado pela monotonia. Por força do frio, da escassez de público ou até da competição em causa, os primeiros minutos foram disputados em ritmo de passeio.
Com Rui Costa sentado no banco e a Académica a colocar todos os jogadores atrás do meio-campo quanto não tinha a bola, o Benfica sentia dificuldades para construir jogadas de ataque. A equipa encarnada tentava contornar o obstáculo através de passes compridos de Luisão e Edcarlos para as alas, mas sem grandes resultados práticos. E à falta de melhor, lá vieram as bolas paradas para resolver a questão.
Estavam cumpridos nove minutos quando Di Maria cobrou um canto da esquerda e Edcarlos atirou ao poste. Estava deixado o aviso para o que aconteceria a cinco minutos do intervalo. Mudaram os intervenientes e, acima de tudo, o desfecho. Nuno Assis apontou o canto e Luisão foi mais feliz do que tinha sido o seu compatriota e companheiro de defesa. O número quatro encarnado inaugurava o marcador e confirmava uma tendência para marcar à Académica. Em doze golos marcados de águia ao peito, este foi o quarto sofrido pela Briosa.
Por esta altura já o jogo estava mais mexido e o tento de Luisão acabou por despertar a Académica. Nos minutos seguintes a equipa de Domingos Paciência subiu um pouco mais no terreno, à procura do empate, mas acabou por provar o próprio veneno (leia-se contra-ataque). Estávamos no último minuto da etapa inicial quando Léo pegou na bola na defesa, caminhou alguns metros com ela controlada e depois de uma tabela com Nuno Gomes isolou Cardozo, que não teve problemas para bater Pedro Roma pela segunda vez.
O calmante paraguaio contra a intranquilidade
Ao intervalo Domingos Paciência trocou o «trinco» Paulo Sérgio por Ivanildo e não demorou muito a colher frutos. Com apenas oito minutos cumpridos no reatamento NDoye rematou de muito longe e beneficiou do excesso de confiança de Butt para reduzir a diferença.
O Benfica, que já antes tinha perdido Léo por lesão (entrou Luís Filipe aos 48m), acusou o golo e não escondeu alguma intranquilidade posterior. A Académica galvanizou-se e teve depois duas soberanas oportunidades para empatar. Primeiro foi um cabeceamento de Joeano defendido por Butt (56m) e depois, mais perto ainda, com um remate de Hélder Barbosa ao poste (65m).
Domingos acreditava cada vez mais que a sua equipa podia igualar a partida e decidiu trocar Joeano e NDoye por Gyano e Miguel Pedro. Camacho respondeu com Adu, que mais uma vez esteve perto de marcar na primeira vez que tocou na bola, mas o remate saiu ligeiramente ao lado do poste (76m).
Mas mesmo após a entrada do norte-americano o Benfica parecia não querer abandonar a onda de intranquilidade adquirida a seguir ao golo de NDoye. A Académica rondava muitas vezes a área e Butt ainda teve que se aplicar em alguns lances.
O Benfica não precisava de um estímulo (que seria Adu), mas sim de um calmante, que chegou a quatro minutos do fim. Nuno Gomes cruzou da direita e encontrou Cardozo solto no coração da área. Veio do Paraguai o calor necessário para amenizar a frieza do jogo.