Artur Moraes é a aposta de Jorge Jesus para a baliza encarnada em 2011/12. Roberto não convenceu por inteiro mas o treinador do Benfica mantém a preferência por guarda-redes altos e sóbrios.

Perfeito conhecedor das características do brasileiro, face a uma relação de amizade que se arrasta há 14 anos, Rafael Bracalli não tem dúvidas em afirmar que o guarda-redes proveniente do Sp. Braga «é mais completo» que o espanhol.

Bracalli, guardião com provas dadas no nosso futebol, esteve sempre na retaguarda de Artur Moraes. Curiosamente, deverá ser ele o sucessor do brasileiro no clube arsenalista, terminando contrato com o Nacional.

Foi sempre assim. A história repete-se. «Cheguei aos juvenis do Paulista com 16 anos e o Artur já la estava. Temos a mesma idade (30), mas ele foi sempre jogando um escalão acima. Voltámos a cruzar-nos nos seniores. Enquanto ele esteve no Paulista, eu nunca joguei», recorda Bracalli, entre gargalhadas.

«O meu pai trabalhou o Artur»

Em conversa com o Maisfutebol, Rafael revela outra curiosidade: «O meu pai, Armando Bracalli, foi o responsável pelo surgimento do Artur. Trabalhou com ele, comigo e com o Victor, que agora está no Grémio, nos seniores do Paulista.»

Uma história à parte. Rafael é guarda-redes por obrigação. «Eu era, ou tentava, trinco até aos 16 anos. Certo dia, faltava o guarda-redes e ofereci-me. Foi o único jogo meu que o meu pai viu. Depois, chateou-me até me convencer a ir ao Paulista como guarda-redes. Fiquei e sempre tive o Artur como referência, até porque não sabia nada da posição», relata.

«O Artur chegou aos seniores com 19 anos e ficou na baliza três épocas. Quando ele foi para o Cruzeiro, fiquei eu a titular. Quando eu saí, ficou o Victor», conclui. O último passou para o Grémio e chegou à selecção brasileira. Os outros dois não.

«Roberto tem coisas muito boas»

Rafael Bracalli domina a conversa. Conhece Artur Moraes como poucos e avalia os guarda-redes da Liga portuguesa com propriedade. As perguntas servem apenas para enquadrar o raciocínio.

«O Artur esteve no Cruzeiro, depois do Coritiba e depois em Itália (Siena, Cesena e AS Roma). Quando chegou ao Braga, estava lá o Felipe, um guarda-redes mais vistoso, que tinha nome. Talvez tenha jogado por isso. Mas uma coisa é certa: o Artur fez muito melhor na sua meia época que o Felipe», considera.

De comparação em comparação, chega Roberto. «Acho que a formação do Artur é melhor, o Artur é mais completo que o Roberto. O Roberto tem coisas muito boas, tem grande potencial, mas também falhas graves», remata o amigo, sem confirmar o cenário de sucessão no Sp. Braga.

«Tinha dificuldade nas bolas rasteiras»

Os pareceres devem ser vinculados por uma segunda opinião. Assim seja. Cassius Hartmann, conceituado treinador de guarda-redes brasileiro, fala com o Maisfutebol sobre Artur Moraes e repete os elogios.

«Trabalhei com o Artur em dois clubes: no Cruzeiro, em 2005, e no Coritiba, em 2006. Curiosamente, fui eu que o indiquei ao treinador do Coritiba, Márcio Araújo. Meses depois, acabei por ir também para esse clube», explica o técnico, actualmente no Botafogo.

Cassius Hartmann gostou do estilo: «Achei que o Artur podia ser o novo Fernando Prass (ex-guarda-redes da U. Leiria), um ídolo do Coritiba. Ele tinha dificuldades nas bolas rasteiras, por ser alto como é, mas até nisso está melhor agora, está mais maduro, experiente.»

«Tenho a certeza que está preparado para o Benfica. Pressão? Ele já disputou uma Libertadores, quando o Gomes estava lesionado no Cruzeiro, e era bem mais novo. Esteve agora em grande na Liga Europa. Para além disso, tem 30 anos, uma idade boa para um guarda-redes. Vai dar certo», conclui.