A festa de «Um gesto contra a fome» aqueceu ao ritmo de um Benfica B que entrou em campo a acusar o calor de um verão sufocante. A formação de Norton de Matos teve sempre mais bola do que o Beira Mar, mas só nos dez minutos finais chegou ao golo: fez três e deu a volta ao resultado.

David Simão, Ivan Cavaleiro e Hélder Costa fizeram os golos, os dois primeiros algo embrulhados: David Simão bateu um livre lateral que passou por toda a gente e entrou ao segundo poste, depois Hélder Costa cruzou, Cavaleiro saiu da confusão com Seydou Sow e desviou para golo.

Já aos 90 minutos, o Benfica garantiu o triunfo no golo mais bonito: Hélder Costa marcou, após um centro bem medido de Claudio Correa. Hélder Costa e Cavaleiro tornaram-se assim os destaques do jogo, eles que saltaram do banco para assistir, para marcar e virar o jogo do avesso.

Ora com esta enxurrada de golos num instante, precisamente no instante, aliás, em que o recinto encarnado começava a compor-se, com a chegada de muitos adeptos, mas com esta enxurrada de golos, dizia-se, o Benfica B anulou a tarde de maior glória de Javier Balboa no Estádio da Luz.

O extremo, que passou pelo Benfica sem nenhum mérito, tinha feito o golo do Beira Mar pouco antes, golo esse que celebrou com um rasgado sorriso: sofreu a falta de Bruno Varela dentro da área (muito mal o jovem guarda-redes encarnado) e marcou o penalty correspondente logo a seguir.

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Balboa que, curiosamente, tinha entrado no regresso dos balneários e mostrado futebol: em dois cruzamentos deixou Serginho e Dias muito perto do golo. Foi quase tudo o que o Beira Mar fez na segunda parte: Ulisses Morais mudou todo o onze ao intervalo e não foi feliz com as alterações.

O Benfica, esse, já se disse, foi melhorando à medida que o tempo arrefecia. Teve sempre mais bola, mais controlo do jogo, mas sobretudo na primeira parte mostrou muitas dificuldades em sair para o ataque. Norton de Matos apresentou uma tática muito própria e que também não foi feliz.

O treinador apostavam num 4x3x3 que se desdobrava numa espécie de 4x4x2 em situações de ataque: Luciano Teixeira saía de trinco para lateral esquerdo e Luís Martins subia para quase extremo. Boas intenções, pode ser que sim, mas muito confusas e quase sempre inofensivas.

Ora por isso o Beira Mar era mais perigoso: Ruben e Felipe Desco ameaçaram, o mesmo Felipe Desco fez um golo anulado por fora de jogo. Felipe Desco e Batatinha, aliás, mostram ser bons reforços. No Benfica B da primeira parte só as arrancadas de Djaniny lançaram emoção no jogo.

Tudo mudou na segunda parte, é verdade, sobretudo com a troca de Luciano Teixeira por Ivan Cavaleiro: o Benfica manteve-se num claro 4x3x3, começou por sofrer o golo de Balboa, mas soube responder e virou o jogo do avesso. Ganhou, claro, ganhou bem e animou os adeptos para a festa.

FICHA DE JOGO

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Ricardo Baixinho

Espectadores: cerca de 1500

BENFICA: Rafael Copetti (Bruno Varela, 46m); João Cancelo, João Faria, Fábio Cardoso e Luís Martins; Ruben Pinto (André Gomes, 46m), Luciano Teixeira (Ivan Cavaleiro, 46m) e David Simão (Elvis, 84m); Duarte Duarte (Hélder Costa, 84m), Djaniny (Claudio Correa, 89m) e Miguel Rosa.

Suplentes não utilizados: Vilarraga, Lindelof, Daniel Martins, João Mário, Rudinilson, João Amorim e Derlis González.

BEIRA MAR: Rui Rego (Bruno Jorge, 46m); Pedro Moreira (Dos Santos, 46m), Hugo (Bura, 46m), Jaime (Seydou Sow, 46m) e Hélder Lopes (Joãozinho, 46m); Fleurival (Dias, 46m), Cedric Collet (André Sousa, 46m) e Nildo (Nazmi, 46m; Dudu, 71m); Ruben (Serginho, 46m), Batatinha (Abel Camará, 46m) e Felipe Desco (Balboa, 46m).

Suplentes não utilizados: Jonas.

GOLOS. Balboa (65m, g.p.), David Simão (80m), Cavaleiro (88m) e Hélder Costa (89m)