Balde de água fria na Luz com um empate diante do Belenenses a impor um inesperado trambolhão na classificação. Jorge Jesus, a pensar no Parque dos Príncipes, procurou recuperar a dupla Lima/Cardozo que esteve na origem do primeiro golo, depois de uma entrada fulgurante na primeira parte, mas um Belenenses órfão de Van der Gaag chegou ao empate, de bola parada, e segurou o precioso ponto até final, num jogo em que os casos não podem servir de justificação. No final do jogo, perante uma enorme assobiadela, Jorge Jesus dirigiu-se ao árbitro, mas terá de olhar mais para dentro para perceber o que se passou esta noite.

Foi de facto um início forte do Benfica, com uma pressão sobre a bola a toda a largura do terreno e com Markovic a forçar a entrada na área perante uma cerrada defesa azul que defendia com tanta gente que depois não conseguia fazer a transição para o ataque, limitando-se a afastar a bola para longe da baliza de Matt Jones. O Benfica, além da reconstituição da dupla de ataque, também recuperava a dupla de laterais que começou a época, com Maxi Pereira e Bruno Cortez a subirem pelos flancos e a permitirem que Enzo e Markovic dessem uma ajuda mais ao centro. O Benfica atacava em vagas sucessivas, sem dar tempo aos de azul para respirar. Quatro pontapés de cantos nos primeiros seis minutos davam bem conta da intensa pressão encarnada.

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O problema é que havia demasiadas meias azuis à frente da baliza de Matt Jones. O Benfica precisou de deixar o Belenenses sair do seu meio-campo para encontrar espaços. A equipa de Marco Paulo aceitou o convite e João Pedro assinou o primeiro remate da equipa do Restelo, com uma bomba que obrigou Artur a aplicar-se. Logo a seguir o tão esperado golo do Benfica, com a «velha» dupla a marcar pontos, com Lima a cruzar da esquerda e Cardozo a cabecear do lado contrário. A bola ainda foi à trave antes de encontrar as redes.

A chuva voltava a cair com intensidade e o Benfica levantou o pé, permitindo um jogo aberto, com o Belenenses a forçar no lado de Cortez para chegar à baliza de Artur. Uma combinação entre Fredy e Sturgeon deixou claro que este Belenenses não era assim tão inofensivo, mas o Benfica encolheu os ombros e permitiu mesmo o empate. Canto da esquerda, Fejsa ficou preso ao relvado e Diakité cabeceou a contar. Fredy, em fora de jogo posicional, ainda tentou chegar à bola, mas a verdade é que não lhe tocou. O Benfica voltava a carregar no acelerador, empurrado pelos adeptos, mas o Belém voltava a fechar fileiras. Voltava tudo à primeira forma, com um Belenenses bem organizado a conseguir travar as sucessivas vagas da equipa da Luz.

Markovic, que tinha ficado queixoso num dos últimos lances da primeira parte, já não voltou para a segunda, mas Jorge Jesus manteve o mesmo figurino, com o regresso de Nico Gaitán ao flanco esquerdo. O Benfica tentou repetir a mesma entrada, voltou a pressionar, a conquistar cantos, mas o Belenenses já não era o mesmo. A equipa do Restelo, agora, já conseguia sair a jogar, com Tiago Silva em plano de destaque, a pausar o ritmo de jogo e a aproveitar muito bem os muito espaços que o Benfica cedia nas transições.

Chegou a notar-se algum nervosismo na Luz, ainda com meia-hora de jogo para o fim, mas o Benfica voltou a carregar. Jorge Jesus procurou empurrar o Benfica, abdicando de Matic (já tinha amarelo), para lançar Sulejmani, enquanto Marco Paulo refrescava o ataque, sem mexer no resto do conjunto que tão boa conta estava a dar de si. A equipa da Luz procurava Cardozo na área com insistência, experimentava todos os caminhos, mas o paraguaio, sempre em jogo, raramente recebeu uma bola em condições de finalizar. O Belenenses ia respondendo a espaços, quando podia, quando Maxi ficava para trás e os encarnados ficavam descompensados.

O nervosismo foi-se acentuando na Luz com o passar dos minutos e os ataques do Benfica, apesar de intensos e sucessivos, eram cada vez mais inconsequentes. Bem mais serena, a equipa do Belenenses, que merece grande parte dos créditos por este resultado, manteve sempre os pés bem assentes na relva e até podia ter tornado o pesadelo encarnado ainda mais negro quando, já em tempo de compensação, João Pedro atirou a rasar a barra.

No final, enorme contestação a Jorge Jesus que parece não ter marcado pontos com a enorme confusão que improvisou no Estádio D. Afonso Henriques há uma semana.