Duas derrotas, as duas por 2-1, ambas nos descontos.

No Dragão e em Amesterdão, golos que chegam de longe. Bolas que de repente parecem como que planar, dando-nos tempo de refletir sobre o futuro, coisa rara no futebol. Somos realmente testemunhas do que está a acontecer. Do que vai acontecer.

No Porto e na Holanda, o Benfica não descobriu o final feliz para os dois jogos fundamentais desta época. O campeonato ainda pode compor-se, mas poucos acreditarão nisso, até por causa do contexto. A Europa ficou ali.

Não acredito em vitórias morais. Sobretudo não acredito que o que se passou com o Benfica se assemelhe a algo parecido com uma vitória moral.

No Dragão falhou a capacidade de gerir o jogo. Em Amesterdão sou capaz de embirrar com Lima no banco, Gaitán a lateral esquerdo (mais equilibrado com André Almeida à esquerda e Sálvio a lateral direito, se fosse mesmo preciso arriscar tanto, não?), um primeiro golo que não se aceita e um segundo em que todos param, incapazes de antecipar a dor. Mais André Gomes no banco, onde nem apareceu Roderick, a «solução» de sábado no clássico.

Apesar dos erros, que existiram e tiveram dimensão, a pergunta fundamental, neste dia, parece-me ser esta: o Benfica regressou de facto à Europa?

A minha resposta é sim. Jogou de forma audaz, digna, esforçada, demonstrou na Europa o futebol de que gosta, a sua visão do jogo, o talento dos seus jogadores. Caiu com as suas ideias, o que no futebol já é dizer alguma coisa.

O Benfica não perdeu depois de um jogo medíocre, escondido. Não, olhou para o Chelsea e conseguiu durante largos períodos ser superior. Ser aquilo que é.

O clube da Luz demonstrou em Amesterdão que voltou a ter dimensão europeia e não tem de que se envergonhar.

PS: Enorme Enzo Pérez. Para mim o melhor.