O Benfica é o primeiro clube português presente no «top 20» do «ranking» anual dos clubes com maiores receitas do Mundo, elaborado pela Deloitte e habitualmente designado como a lista dos clubes mais ricos do Mundo. A presença «encarnada» surge através da SAD e deve-se a vários factores. Mas o clube ainda tem encargos que absorvem grande parte dos lucros.
A lista é elaborada tendo em conta as receitas quotidianas de cada clube. O grande ponto a favor do Benfica, segundo revela Domingos Soares Oliveira, administrador-executivo da SAD, diz respeito às quotas pagas pelos sócios. «A parte onde nós somos mais fortes tem a ver com a quotização. Temos o maior número de sócios e somos o clube que tem maior quotização a nível europeu e mundial», constata o dirigente.
Com receitas de patrocínios que o responsável considerada «adequadas ao nosso mercado» e «boas receitas de bilheteira», o Benfica tem uma base forte.
Receitas de televisão «ridículas»:
Ainda que as receitas de televisão sejam, na opinião de Domingos Soares Oliveira, «ridículas». «Nesta lista dos 20 clubes estão 18 dos cinco grandes mercados. Nesses mercados a televisão representa 55 por cento das receitas, no nosso caso representa 10 por cento. Na altura em que se negociou, a capacidade de negociação era limitada», observa o responsável, que por outro lado vê aí uma hipótese de crescimento para o futuro: «O potencial de crescimento é bom.» O actual contrato do Benfica para as transmissões televisivas domésticas só termina no entanto em 2012/2013.
O motivo pelo qual o Benfica aparece nesta lista e o F.C. Porto, por exemplo, não apareceu na época em que foi campeão europeu, pode ser explicado pelo facto de as contas da Deloitte não incluírem receitas relativas a transferências.
«As receitas incluem tudo o que está ligado à Benfica Estádio e não incluem as receitas do clube nem vendas de jogadores», explica Domingos Soares Oliveira. O que também explica, no caso do Benfica, que o resultado do exercício em 2005/06 tenha sido de 101 milhões de euros, mas na lista da Deloitte os rendimentos do clube sejam «apenas» de 85,1 milhões.
A Deloitte elabora os dados com base nas contas publicadas pelos clubes e solicitando esclarecimentos adicionais quando necessário. Foi assim com o Benfica, nomeadamente no que diz respeito às quotizações.
Soares Oliveira congratula-se com a presença do Benfica na lista, mas relativiza-a. «A noção de riqueza é relativa. O que se compara aqui é facturação. Isto não é o culminar de nada, é um prémio mas não é mais do que isso», afirma o administrador, preferindo colocar ênfase em objectivos como «equilibrar as contas ou ter resultados positivos». O dirigente acredita no entanto que o Benfica ainda pode crescer mais: «O potencial de crescimento do Benfica, pelo seu historial e pela sua dimensão, ainda é enorme.»
Se o Benfica ganha tanto dinheiro, para onde é que ele vai?
A presença do Benfica na lista dos mais ricos do Mundo levanta ainda várias questões. Se o clube tem essa dimensão de receitas, porque é que não consegue ter um plantel ao nível dos grandes da Europa? Ou seja, para onde vai o dinheiro? Os encargos ainda são muitos, responde Domingos Soares Oliveira.
«A equipa tem valores claros. Ainda não temos capacidade para ter o Cristiano Ronaldo, mas são quase todos jogadores de craveira internacional», responde o dirigente à primeira parte da pergunta.
Agora, explicações sobre a segunda parte da pergunta: «O Benfica construiu um estádio que custou 160 milhões de euros. O serviço de dívida ainda é muito elevado, neste período ainda tem muita coisa para pagar. Primeiro vamos acabar de regularizar os encargos que ainda temos», argumenta o administrador, admitindo que os encargos ainda absorvem a maior parte das receitas: «Ainda são elevados.»