Nunca uma final da Taça de Portugal se realizou tão tarde como a de 1983. Uma longa história que começou praticamente no início da época e só conheceu o seu desfecho a 21 de Agosto. Em causa estava o palco da final. A troca do Estádio Nacional pelo Estádio das Antas foi decidida antes de se conhecerem os finalistas e, depois, os encarnados torceram o nariz e recusaram-se a jogar no terreno do rival. Depois de uma guerra de comunicados, recursos, protestos e uma acesa Assembleia Geral do F.C. Porto, liderada por Pinto da Costa, a partida acabaria por se jogar mesmo nas Antas.
A história começa no início da época quando Romão Martins, então presidente da Federação Portuguesa de Futebol, ofereceu a organização da final da Taça à Associação de Futebol do Porto, sem que isso tenha sido motivo de muita celeuma. Quando ficaram definidos os finalistas, já sob a direcção de Silva Resende, a polémica estalou, com o novo presidente a dizer que a final deveria ser disputada no Estádio Nacional. As Antas tremeram e Pinto da Costa declarou guerra à FPF.
Surgiu então a possibilidade de realizar a final em Coimbra, no Estádio do Calhabé, com o argumento que ficava no centro do país, a meio caminho entre Lisboa e Porto. Pinto da Costa não cedeu e convocou uma Assembleia Geral, que viria a ser a maior de sempre. A 1 de Junho, o antigo Pavilhão Américo de Sá ficou a rebentar pelas costuras e, depois de horas de discursos inflamados, ficou decidido que se a final não fosse nas Antas o F.C. Porto não compareceria, assumindo o risco de despromoção à III Divisão.
O Conselho de Justiça da Federação reúne-se a 8 de Junho e decide adiar o decisivo jogo para uma data a anunciar. Os jogadores vão de férias, mas ficam de prevenção, uma vez que o jogo poderia ser marcado para qualquer altura. O braço de ferro manteve-se até ao limite e a federação acabou por ceder, depois do Benfica também ter aceite jogar no terreno do rival. Um fenomenal pontapé de Carlos Manuel acabou por ditar a derrota do F.C. Porto, mas a equipa das Antas já tinha ganho um novo estatuto no futebol português.