Estes dois gigantes querem continuar juntos. E, no primeiro exame, foi o campeão a mostrar-se um pouco mais sólido. O suficiente para levar um ponto e não perder o contacto. Claro que Helton fez um milagre perto do fim, mas somando todos os minutos, a entrar, o remate de Cardozo seria algo injusto.

Aos 17 minutos, quatro golos, dois para cada lado. Que mais se poderia desejar? Erros individuais ¿ incrível o de Artur no 1-2 (e Helton já tinha tentado algo semelhante minutos antes) -, uma finalização magistral (monumental o golo de Matic), uma jogada de laboratório (Moutinho, Jackson e o desvio de Mangala) e um ato de coragem, protagonizado por Gaitán, no remate para a segunda igualdade.

Depois do frenesim e tanta emoção deitada sobre o tapete. Nesses 20 minutos, com golpe e contra-golpe, gancho de direita contra direto de esquerda, estava a prova de que estavam em campo, de longe, as melhores equipas do futebol português.

A luta desigual de Matic

Quando não estava a deixar-se empatar, o FC Porto mostrou-se superior. Melhor com a bola nos pés, melhor a ocupar os espaços. Bem Defour, o substituto de James, a garantir superioridade a meio-campo, bem Jackson a receber e a entregar a bola, bem Lucho, também, a chamar a si a bola e a construção de jogo, obrigando Matic a querer estar em vários sítios ao mesmo tempo, face ao menor acerto de Pérez e Gaitán.

Os primeiros 20 minutos colocaram as fragilidades de ambos os conjuntos mas também os seus méritos. O talento de Jackson, a objetividade de Salvio, o jogo aéreo de Mangala, a presença de Matic. A liderança de Lucho. Esteve tudo na Luz, não faltou quase nada.

A equipa de Vítor Pereira entrou melhor na partida. Um fora de jogo a Defour (mal assinalado) dava o tom para uma primeira parte equilibrada, em que o visitante sempre mostrou mais controlo, emocional e tático, da partida. O primeiro golo, aos oito minutos, confirmava a tendência. Mal a defesa do Benfica, ao não conseguir perceber o engodo de Jackson e a deixar Mangala na cara de Artur.

Mas se há coisa que o Benfica tem mostrado saber fazer esta temporada é reagir. Dois minutos depois de o francês ter enganado Artur, Melgarejo, Cardozo e Jardel, prepararam o golo da noite, assinado pelo pé esquerdo de Matic.

Que foi isso, Artur?

O ritmo era vertiginoso. Cinco minutos depois da explosão nas bancadas, Artur atrapalha-se com Jackson e perde a bola para o colombiano, fazendo a Luz voltar a deitar as mãos à cabeça com um guarda-redes.

Só que, mais uma vez, o Benfica respondeu. A ala direita fez uma das suas combinações, com Salvio a ganhar a linha e a cruzar. Cardozo atrapalhou Helton, e a bola chegou a Gaitán, que colocou toda a sua fome de golos naquele remate. Novamente dois minutos depois, os encarnados igualavam.

Com o 2-2, a partida acalmou. Ataque aqui, ataque lá, mas a um ritmo mais controlado. O FC Porto sempre a dar a sensação de estar mais perto de qualquer coisa, como durante grande parte da segunda parte. Um parêntesis para aquela entrada de Mangala sobre Cardozo, que merecia o amarelo.

O milagre de Helton

A primeira alteração de Jesus para mudar o estado de coisas foi tirar Pérez de campo. Apagado e já com um amarelo, Martins parecia solução óbvia para garantir mais bola. O FC Porto mostrava-se mais rápido e mais inteligente a sair, mas faltava-lhe uma unidade rápida na frente para finalizar. Lucho ainda tentou com Jackson, mas sem grande sucesso.

O tempo também começava a pesar. Com o aproximar do minuto 90, o Benfica inclinou-se para a frente. E Cardozo teve a sua oportunidade, aos 77 minutos, isolado perante Helton. Daquelas que não se podem falhar. Helton foi demasiado grande.

Até ao fim, João Ferreira ainda perdoou o segundo amarelo a Matic (79) e o Benfica tentou prolongar o mais que pôde um último fôlego. Não chegou.