*com Vítor Hugo Alvarenga

Alex Sandro, Danilo, Defour, Garay, Gaitán. Nomes de estrelas de FC Porto e Benfica que vão entrar esta quarta-feira em campo para disputar um clássico recheado de emoções e que dá acesso direto à final da Taça de Portugal. No pensamento não estará apenas uma vitória, mas também a necessidade de fazerem uma grande exibição para tentarem convencer os selecionadores dos seus países a inclui-los na lista de convocados para o Mundial.

A questão é tão prática quanto esta: conhecendo-se o impacto mediático que tem um jogo deste calibre (mesmo num dia em que também se joga um Real Madrid-Barcelona), para vários jogadores das duas equipas o clássico é a altura ideal para tirar dúvidas a quem tem a responsabilidade de preencher os derradeiros lugares para o Brasil.

De fora desta conta ficam os lesionados Sílvio e Ruben Amorim, que já foram chamados por Paulo Bento e pelo menos o segundo pode vir a ser incluído na lista final, devido à sua polivalência e mais uma época positiva na Luz.

As dúvidas são bem maiores para os lados do Dragão, o que acentua o dramatismo da noite que nos espera. Trata-se de um jogo com maior relevância para o FC Porto, pelo facto de poder menorizar os estragos de uma época desastrosa, deixando a possibilidade de demonstrar que o futuro campeão nacional não consegue vingar em todas as frentes.

O Benfica entrará bem menos pressionado, primeiro porque no domingo pode sagrar-se campeão e depois porque logo a seguir é a vez de defrontar a Juventus, o último obstáculo antes da final da Liga Europa. Os encarnados têm, ainda, a possibilidade de alcançarem a décima dobradinha do seu historial, o que não sucede desde 1986/87 (o FC Porto tem sete e o Sporting seis).

Por mero pormenor estatístico, registe-se que nas oito decisões em eliminatórias da Taça de Portugal a duas mãos o Benfica seguiu em frente por cinco vezes e o FC Porto três. Os encarnados já marcaram presença na final em 34 ocasiões (venceram 24) e os dragões 29 (16 triunfos).



Mas regressemos aos «mundialistas». Primeiro os que já lá estão, como Maxi Pereira (Uruguai) e Varela (Portugal), escolhas constantes dos seus selecionadores e por isso não terão muito mais a mostrar. Participaram na fase de qualificação e não será por este jogo que irão alterar qualquer opinião sobre a sua utilidade.

Num segundo patamar estão aqueles que praticamente têm como certa a chamada para o Campeonato do Mundo, como Garay (Argentina), Jackson Martinez (Colômbia) e Defour (Bélgica), também eles jogadores utilizados com frequência nas seleções dos seus países, mas que nem sempre estão entre as primeiras escolhas e por esta ou aquela razão poderão ter dúvidas em relação à integração no grupo. O defesa do Benfica tem boas possibilidades, mas nem sempre é chamado, o avançado do FC Porto é aposta quase garantida ainda para mais depois da lesão de Falcao e o médio dos dragões tem vindo a perder algum espaço devido à instabilidade na equipa, mas a excelente campanha pela Bélgica garante-lhe um lugar.

Um outro grupo é formado por figuras que foram aposta durante a fase de qualificação, mas de forma intermitente, podendo estar num limbo entre a convocação e a não convocação. Neste lote estão Alex Sandro e Danilo (Brasil), Reyes e Herrera (México), Mangala (França), Josué (Portugal) e Ghilas (Argélia). Todos eles são bem conhecidos dos seus selecionadores, mas não estão entre os indiscutíveis, por isso não será surpresa se algum deles falhar a presença no Mundial.

Sobram Quaresma e Fernando (Portugal), Quintero (Colômbia), Rodrigo (Espanha), Enzo Pérez, Gaitán e Sálvio (Argentina). Só de ler os seus nomes ficamos com a certeza de que são jogadores com qualidade mais do que suficiente para figurarem na lista de qualquer seleção para o campeonato do mundo, mas muito provavelmente a grande maioria não vai lá estar. As maiores dúvidas residem nos dois jogadores para a Seleção Nacional, sabendo-se que Paulo Bento não quebrou o tabú e vai alimentá-lo até à divulgação da lista. Quanto aos benfiquistas, nenhum deles tem sido chamado ultimamente, mas a excelente época que estão a protagonizar (nomeadamente Rodrigo) poderá trazer surpresas.

CONFIRA OS DADOS ESSENCIAIS SOBRE OS «MUNDIALISTAS»

Maxi Pereira (Uruguai)
Internacionalizações: 87
Último jogo: 05/03/2014, Áustria (amigável), 64m (titular)

Garay (Argentina)
Internacionalizações: 18
Último jogo: 16/11/2013, Equador (amigável), 90m

Enzo Pérez (Argentina)
Internacionalizações: 6
Último jogo: 12/09/2012, Peru (qualificação), 16m (suplente)

Gaitán (Argentina)
Internacionalizações: 6
Último jogo: 05/06/2011, Polónia (amigável), 12m (suplente)

Salvio (Argentina)
Internacionalizações: 5
Último jogo: 14/11/2012, Arábia Saudita (amigável), 46m (titular)

Rodrigo (Espanha)
Nunca jogou pela seleção AA



Alex Sandro (Brasil)
Internacionalizações: 6
Último jogo: 07/09/2013, África do Sul (amigável), 31m (suplente)

Danilo (Brasil)
Internacionalizações: 6
Último jogo: 09/06/2013, Argentina (amigável), 11m (suplente)

Mangala (França)
Internacionalizações: 2
Último jogo: 05/03/2014, Holanda (amigável), 90m

Reyes (México)
Internacionalizações: 12
Último jogo: 06/03/2014, Nigéria (amigável), 64m (titular)

Herrera (México)
Internacionalizações: 8
Último jogo: 06/03/2014, Nigéria (amigável), 83m (titular)

Defour (México)
Internacionalizações: 42
Último jogo: 19/11/2013, Japão (amigável), 18m (suplente)

Josué (Portugal)
Internacionalizações: 4
Último jogo: 05/03/2014, Camarões (amigável), 3m (suplente)

Fernando (Portugal)
Nunca foi chamado

Quintero (Colômbia)
Internacionalizações: 2
Último jogo: 16/10/2013, Paraguai (qualificação), 24m (suplente)

Jackson Martinez (Colômbia)
Internacionalizações: 23
Último jogo: 19/11/2013, Holanda (amigável), 9m (suplente)

Ghilas (Marrocos)
Internacionalizações: 2
Último jogo: 10/09/2013, Mali (qualificação), 90m

Quaresma (Portugal)
Internacionalizações: 35
Último jogo: 02/06/2012, Turquia (amigável), 3m (suplente)

Varela (Portugal)
Internacionalizações: 21
Último jogo: 05/03/2014, Camarões (amigável), 21m (suplente)



Resta dizer que a nível de rotatividade dos plantéis e número de minutos, muitos destes jogadores estão entre os mais utilizados pelos treinadores de Benfica e FC Porto. Os encarnados já fizeram 47 jogos esta época, tendo 17 jogadores com mais de 1000 minutos, 11 jogadores com mais de 2000 minutos e 3 com mais de 3000; os dragões fizeram mais um jogo, têm 17 jogadores com mais de 1000 minutos, 9 jogadores com mais de 2000 e 6 com mais de 3000.

O Benfica utilizou 35 jogadores e o FC Porto 28, sendo curioso perceber o top ten (total em minutos)
1. Jackson – 3889
2. Alex Sandro – 3841
3. Luisão – 3803
4. Danilo – 3719
5. Garay – 3714
6. Fernando – 3647
7. Mangala – 3425
8. Varela – 3186
9. Enzo Pérez – 3048
10. Hélton – 2942