Falar de Benfica-Marselha é falar de Vata, já se sabe. Vinte anos depois do famoso golo com a mão, as duas equipas reencontram-se nas competições europeias, e o nome do angolano volta à baila. De Marcel van Langenhove poucos falam. Não sabe quem é? É normal. Trata-se do árbitro que dirigiu o jogo da Luz.
Em conversa com o Maisfutebol, um dia depois de estar consumado o reencontro entre Benfica e Marselha, o belga assumiu que guarda na memória o jogo de 18 de Abril de 1990. «Ninguém esquece uma meia-final da Taça dos Campeões Europeus que é decidida por um golo com a mão», disse Van Langenhove, antes de fazer a sua defesa: «Tinha vários jogadores à frente. Só depois é que vi o que se passou, na televisão francesa, mas à terceira repetição.»
A polémica instalou-se durante algum tempo, especialmente por terras francesas, mas Van Langenhove garante que o caso não teve significativa repercussão negativa na carreira. «Três dias depois estava a dirigir um Club Brugge-Anderlecht, sem problemas. Não houve implicações, nem na Bélgica, nem junto da UEFA», diz. «Fui o melhor árbitro da Bélgica oito anos consecutivos (ndr: entre 1984 e 1991), numa votação dos jogadores. Isso quer dizer qualquer coisa», acrescenta.
Actualmente com 65 anos, Marcel van Langenhove continua ligado ao futebol: colabora com o Anderlecht na recepção aos árbitros estrangeiros que dirigem jogos deste clube, nas competições europeias. «É muito bom. O futebol foi sempre a minha vida, e este trabalho permite-me continuar ligado à modalidade, estar em contacto com antigos colegas», disse.
O árbitro do polémico Benfica-Marselha teve ainda uma experiência na política. Durante alguns anos foi presidente do município de Wemmel, nos arredores de Bruxelas, mas saiu no passado mês de Janeiro. «Foi uma boa experiência. Já estava habituado às críticas, dos tempos do futebol», disse, entre sorrisos.