Samuel era o jogador que, no Prater, estava tão nervoso que mal sentiu o ambiente que o estádio de Viena viveu naquela final da Taça dos Campeões Europeus de 1990, entre o Benfica e o Milan. Eriksson lançava o jogador para uma posição que não estava habituado. Como que o lançar de peixe fresco aos tubarões de Itália.
«O que me lembro dessa final é de jogar no lado esquerdo, e recordo-me que estava completamente nervoso, tanto que nem me lembro do estádio ou do ambiente que estava», confessou Samuel ao Maisfutebol. «Apanhei o Gullit pela frente, e ainda por cima eu estava fora da minha posição habitual», salientou. «Mas o Eriksson quis que jogasse ali no lado esquerdo, e já me vinha a preparar há algum tempo», lembrou. «Só sei que estava muito nervoso porque ainda por cima ia jogar contra o Milan, com aquelas estrelas todas. Tudo isso deixou-me bastante intranquilo, mas depois de entrar foi passando.»
«Ele queria que fosse eu a jogar», confessou. «Até porque tinha laterais de raiz para fazer aquele papel. Estava muito nervoso porque não era um jogo qualquer, era uma final», explicou. «E tempos antes o Eriksson tinha-me testado no lado esquerdo da defesa num jogo contra o Gil Vicente. O Ricardo Gomes, que era o patrão da defesa, tinha ido para o Brasil representar a selecção, e senti a falta dele ali no meio», puxou pela memória. «Sei que o jogo me correu muito mal, mas mesmo assim o Eriksson continuou a preparar-me para jogar naquele lado. O jogo correu-me pessimamente. Eu não jogava com o pé esquerdo, e o treinador metia-me a fazer passes e cortes nos treinos sempre com esse pé.»
Samuel lembrou ainda a felicidade que a super equipa do Milan teve nessa final e o lance caricato que terminou no único golo da partida, apontado por Rijkaard. «Foi sorte porque eu ouvi um apito, o Hernâni também e parou», sustentou. «Como parou toda a defesa», recordou.