O Benfica está de regresso ao Prater, estádio mítico para o futebol português, onde o F.C. Porto se sagrou campeão europeu em 1987 e onde os «encarnados» jogaram a final da então Taça dos Campeões em 1990, frente ao Milan. Maisfutebol conversou com protagonistas daquela que foi a última presença do Benfica numa decisão europeia, que recordam esse jogo, ganho pelo Milan com um golo de Rijkaard.
Palavra a Vítor Paneira, que acusa a falta de organização como a principal causa para a derrota. O antigo extremo direito ainda se lembra, no entanto, do ambiente escaldante do estádio e de como os jogadores se deixavam levar pela onda de entusiasmo.
«Foi muito difícil», recordou ao Maisfutebol. «Durante essa final as coisas foram tratadas de forma muito leviana», acusou. «Estávamos num hotel no centro da cidade onde tínhamos todos os dias milhares de adeptos a entrar pelo hotel dentro», lembrou com a voz carregada de alguma nostalgia. «Cumprimentavam-nos, pediam-nos autógrafos, cruzavam-se connosco, e nós estávamos a preparar uma final», alertou. «O Milan tinha reservado um hotel pequeno só para eles e nós todos os dias tínhamos pela frente adeptos e mais adeptos. As coisas deviam ter sido tratadas de outra forma. E nem se pode dizer que foi por falta de experiência, porque dois anos antes tínhamos estado noutra final da Taça dos Campeões Europeus. Foi má organização pura», sustentou.
Mas depois de alguns dias conturbados, o dia da final chegou. «No estádio o ambiente era fantástico», referiu. «As pessoas cantavam: «Cheira bem cheira a Lisboa»», afirmou. «Penso que quando se vai para o final tenta-se apanhar esse ambiente louco, para ainda termos mais forças para ir para a frente. Tínhamos de tirar o prazer daquilo, era uma final!», exclamou. «E logo contra o Milan, que era uma das melhores equipas do Mundo naquela altura.»
Paneira tem ainda memória de como foi o jogo dentro das quatro linhas, onde ele foi titular. «Lembro-me que foi um jogo muito táctico, sabíamos que as oportunidades seriam escassas e que quem marcasse teria muitas possibilidades de vencer. O Eriksson conhecia muito bem o Milan pela sua experiência e, por isso, foi muito disputado. Mesmo sem ser uma grande partida. O Milan jogou com uma pressão muito alta nesse encontro, não nos deu muito espaço», contou. «E, de facto, houve poucas oportunidades. Não foi um grande jogo. Tivemos uma infelicidade e acabou por ser fatal. Tal como acho que, se tivéssemos sido nós a marcar, teríamos vencido. Depois de estarmos a perder tudo ficou mais complicado.»