Dia 12 de maio de 2002. O Leixões repisa momentos grandes da sua longa história e volta ao Estádio do Jamor. Do outro lado, o favoritíssimo Sporting, treinado por Laszlo Boloni e recheadíssimo de craques: Pedro Barbosa, João V. Pinto, Mário Jardel…

E outros menos craques: Dimitrios Nalitzis, alguém se lembra dele?

Bem, nesse hercúleo Leixões, na altura a carpir mágoas na II B, o comando técnico é de Carlos Carvalhal, então em início de carreira. Um dos adjuntos nos bebés do Mar é, curiosamente, Miguel Leal, atual treinador do Moreirense. Mário Jardel resolve tudo com um golo aos 40 minutos.

Com 37 feitos poucas semanas antes, Leal cumpre nessa tarde de muito sol um sonho de menino: pisar o relvado mítico do Estádio Nacional. Não o voltou a fazer, mas o Benfica fica desde já avisado.

Convocados do Moreirense: as escolhas de Miguel Leal para a Luz

Não só por essa efeméride pouco noticiada, mas pela forma como Miguel Leal se tem projetado: vários anos adjunto e preparador-físico, responsável pelos juniores do Penafiel e promovido no clube do 25 de abril até chegar a Moreira de Cónegos.

«É um homem muito metódico», diz ao Maisfutebol o médio/avançado José Coelho, jogador de Miguel Leal na temporada 2013/14 em Penafiel.

O retrato é construído de forma convicta: «Relaciona-se muito bem com os atletas, trabalha de forma especial o aspeto psicológico de cada um dos futebolistas», continua José Coelho, um jogador em foco na boa temporada que o Felgueiras está a fazer no CNS: 12 jogos, 4 golos.  

Coelho sublinha a capacidade de Miguel Leal em «defender as próprias ideias». «Não se deixa afetar por fases negativas ou adversários maiores. Não se perde taticamente, nem procura soluções em alternativas em que não acredita».

Este pormenor é particularmente interessante. Isto porque José Coelho acompanha Miguel Leal em batalhas de grande provação ao longo de toda a campanha.

O Penafiel defronta o Benfica nos quartos-de-final da Taça de Portugal (0-1, golo de Sulejmani) e FC Porto e Sporting na Taça da Liga. Contra as águias, Coelho é suplente não utilizado e recorda a forma como o jogo é preparado.

«Ficámos a saber tudo sobre os jogadores deles, no que respeita a movimentações e comportamentos com e sem bola. Preparámo-nos bem, sem mudar a nossa forma de jogar. No fundo, identificámos defeitos e qualidades no adversário. Sabe tudo sobre os jogadores do Benfica e sobre Jesus. De certeza que fará este ano o mesmo no Moreirense».

«Dizem que sou cabeça dura, até tive diergências com o Miguel Leal»

José Coelho até nem é titular indiscutível com Miguel Leal, mas não se coíbe de elogiar o homem do leme cónego. «Gostei muito de trabalhar com ele. Não joguei tanto como queria porque a minha forma de jogar não encaixava bem nas ideias dele».

«Dizem que eu sou cabeça dura, até tive algumas divergências com ele, mas não tenho dúvidas: é um bom técnico e sabe bem aquilo que quer de uma equipa»
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As palavras de José Coelho são coerentes com o pensamento de Miguel Leal para o jogo da Luz.

O Jamor é um objetivo a repetir por parte do técnico, mas o histórico de jogos entre Benfica e Moreirense assustaria qualquer um no seu lugar:

. 12 jogos oficiais, nove vitórias do Benfica e três empates.

No passado mês de setembro, o Moreirense visita pela primeira vez a Luz esta temporada. Perde por 3-1, mas está a ganhar entre os minutos 16 e 69, com um golo de João Pedro. Também por aqui se percebe que os cónegos têm condições para causar problemas

Na Taça de Portugal há dois duelos a registar: 2-0 na IV Eliminatória da época 2007/08, golos de Rui Costa e Makukula; 0-2 nos quartos-de-final de 2012/13, golos de Matic e Cardozo.

Miguel Leal já foi ao Jamor. O Moreirense ainda não.