O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, esteve quase cinco horas na delegação da Liga de futebol, em Lisboa, para esclarecer as declarações que fez após o jogo com o Boavista, em que disse que existiam resultados viciados. O dirigente fez-se acompanhar pelo advogado João Correia e pelo assessor jurídico Paulo Gonçalves e, à saída, desafiou os vários agentes do futebol a denunciarem as irregularidades, que invadem as provas nacionais. O líder encarnado explicou ainda que o problema não se restringe a este campeonato, até porque não terá sido pelos erros de arbitragem que o Benfica falhou o título.
O apelo de Luís Filipe Vieira foi sobretudo para a arbitragem: «Estamos num país livre e não devíamos ter medo de nada. Para além disso, isto serve também para que os árbitros se libertem das pressões em que estão envolvidos. Também seria bom que eles começassem a dizer, nos órgãos próprios, quem os pressiona e liga para eles.»
O que realmente contou, durante as várias horas em que esteve a ser ouvido, Luís Filipe Vieira não revelou: «Viemos transmitir o que soubemos. Não vou divulgar o que foi dito, porque está tudo em segredo de justiça. Desafio as pessoas a que façam o mesmo que eu, falem.»
Vieira contornou a questão relacionada com informações que circularam no fim-de-semana, de que teria existido um telefonema de Valentim Loureiro ao árbitro Lucílio Baptista, antes do jogo entre o Boavista e o Benfica: «Não posso dizer se é verdade ou mentira. Não posso adiantar mais nada. Depois deste tempo todo lá dentro, alguma coisa ficou lá...»
Campeonato está viciado? «Não podemos falar apenas deste ano»
Mas será que o presidente do Benfica acha que este campeonato está realmente viciado? «Não podemos falar apenas deste campeonato. O Benfica tem muitas razões de queixa em alguns jogos, mas noutros não tem. Não é por esta situação que o Benfica deixou de ser campeão. Assumimos que fizemos uma época bastante má. Todos nós estamos tristes.»
Então, o F.C. Porto é um justo campeão, perguntou-se a Luís Filipe Vieira: «O F.C. Porto é um campeão. Não vou entrar por aí. Não viemos só falar deste momento, mas sim de um passado que é complicado de gerir. Estamos perto de chegar ao que pretendemos. A prova é que já existem alguns arguidos e réus.»