Estamos em dezembro e o Benfica ainda não fez um grande jogo.

Reformulo: estamos em dezembro e o Benfica ainda não fez um jogo que enchesse o peito dos seus adeptos e convencesse a crítica.

Eu sei que o Benfica jogou bem na Grécia e participou no épico 4-3 com o Sporting, que até venceu. Mas vocês sabem o que é um grande jogo de uma equipa. E não foi aquilo.

Neste Benfica, quando a defesa funciona bem (já agora, quantas vezes isso sucedeu?) e o meio-campo está afinado, falha-se na frente. Quando se fazem golos, também se sofrem (apenas seis jogos terminaram com Artur feliz da vida). E por aí fora.

A este Benfica falta estabilidade. O que é notável, uma vez que o treinador está no clube há cinco temporadas, coisa rara em Portugal.

O que se passa, então?

Creio que há cinco factores que ajudam a explicar a inconsistência do Benfica, manifestada na Liga e na Liga dos Campeões.

1. Muitos jogadores novos. Parece que não mas a equipa do Benfica tem diversos futebolistas novos. No último jogo, por exemplo, dos 14 que atuaram, seis chegaram agora à primeira equipa: Cortez, Fejsa, Markovic, mais Sulejmani, Funes Mori e Ivan Cavaleiro. Um deles, Cortez, é mais um erro de uma dimensão que impressiona e coloca em causa quem contrata no clube.

2. A lesão de Salvio . Sem o argentino, o treinador do Benfica tem procurado sucessivas opções para a ala direita. A verdade é que Jesus parece um pouco perdido, sem saber exatamente quem deve colocar ali. Depois, Salvio valia assistências e tinha golos. Resolvia.

3. O 4-3-3 e o resto. Durante anos, Jesus jogou sempre da mesma forma. Também por causa disso, ganhou um título e perdeu muitas vezes. De repente, descobriu que o sistema que tanto criticava (o 4-3-3) afinal tinha vantagens. No encontro com o Arouca experimentou diferentes formas de colocar os jogadores. Ao intervalo optou por colocar Gaitan a lateral esquerdo (!) e acabou com três pontas-de-lança em campo e uma desorganização tática impressionante. Salvo melhor opinião, o decorrer de uma época não é o momento certo para este tipo de aventuras táticas. Ou será fé?

4. Cardozo. O paraguaio tem sido um factor de instabilidade. No início porque não se sabia se voltaria a jogar. Agora porque se desconhecesse quando estará de volta. Pelo meio, deixou evidente que é o melhor avançado. Claro que o Benfica não necessita dele para vencer todos os jogos, como se viu em Vila do Conde, mas na maior parte o paraguaio faz falta.

5. O público. É evidente que seria excessivo falar em divórcio. Mas parece-me razoável dizer que falta calor dos adeptos. As assistências na Luz pioram a olhos vistos e só vejo duas explicações para isso: a influência da Benfica TV (para quê pagar duas vezes para ver o mesmo?) ou a falta de confiança na equipa depois do que se passou na época passada (mais a escassa qualidade desta época). Seja qual for a explicação, merece análise.

Num campeonato em que o FC Porto estivesse ao nível das últimas três épocas, o Benfica estaria nesta altura a seis, sete pontos do líder e a precisar de jogar tudo no clássico da jornada 15. Assim, até pode nem parecer tão mau. Mas tem sido. No campeonato como na Europa.. Em 19 jogos, 12 vitórias, quatro empates (três deles em casa, com Olympiacos, Belenenses e Arouca) e três derrotas.