Dado indesmentível. Jorge Jesus dá sempre oportunidade na Taça de Portugal a um dos guarda-redes menos utilizados. Seja ele a segunda escolha para a baliza ou até mesmo a terceira. Ou, ainda, quando quase não roda o resto da equipa (época 2010/11 frente ao Arouca). O treinador do Benfica tem por hábito dar oportunidades a jogadores nesta competição, mas só uma alteração aconteceu sempre: a mudança de guardião na primeira eliminatória da equipa na Taça (a 3ª da prova).

É certo que se vai falar nas possibilidades de João Cancelo ou Ivan Cavaleiro se estrearem em Cinfães com vista a um futuro na equipa principal. Mas a constante é a baliza. Jesus alterou-a sempre. Falta saber se o técnico vai olhar para esse possível futuro, ou se prefere gerir apenas plantel. Enfim, se escolhe Oblak ou Paulo Lopes.

O português tem sido o habitual suplente de Artur. Por aí, tem maior probabilidade de jogar do que o internacional esloveno. A história de Mika (quatro vezes suplente na equipa principal em 2012/13, nunca utilizado) aumenta ainda mais as possibilidades de Paulo Lopes. Mas Jorge Jesus pode entender dar uma oportunidade a Oblak. Até por aquilo que disse do guarda-redes depois de um desentendimento que o esloveno teve com o clube, no verão, e mesmo pela ideia de Oblak após ter renovado com o Benfica no final desse diferendo.

No historial das edições anteriores da Taça de Portugal, Jesus estreou dois guarda-redes no Benfica. Paulo Lopes foi titular na época passada com o Freamunde. Foram os primeiros minutos que teve com a camisola encarnada.

Uma temporada antes, tinha sido a vez de Eduardo. O internacional português estreou-se pelo clube com o Portimonense. Até aí, zero minutos pelo Benfica em jogos oficiais.

Júlio César e Moreira não se estrearam na Taça de Portugal. Mas os dois casos dão uma indicação clara de que o treinador muda sempre o guarda-redes.

Em 2010/11, Júlio César já tinha sido titular na terceira jornada, frente ao V. Setúbal. Até aí, tinha sido segunda escolha, atrás de Roberto. As exibições e as críticas remeteram o espanhol para o banco. Mas no jogo com o Vitória, Júlio César foi expulso e resumiu a 22 minutos a presença na baliza. Só voltou a jogar na Taça de Portugal, precisamente na 3ª eliminatória, a primeira que os encarnados disputam.

A temporada de estreia de Jorge Jesus no Benfica é a única que difere ligeiramente das restantes. Havia Quim, titular no campeonato, Júlio César que jogava a Liga Europa e Moreira. Este tinha sido utilizado num jogo com o Vorskla Poltava, play-off da prova europeia. Mas só voltou à baliza frente ao Monsanto.

Percebeu-se ali que Moreira era a terceira oção.

Jan Oblak já foi convocado esta época por Jorge Jesus. O esloveno foi com a equipa para Paris.Ao contrário do que aconteceu em 2009/10, Jesus não muda de guarda-redes na prova europeia. Aliás, nunca mais o fez desde aquela época inicial. Assim, com o PSG, Artur foi titular, Paulo Lopes ficou no banco, o esloveno foi para a bancada.

«O Oblak tinha 17 anos quando chegou ao Benfica, no meu primeiro ano. Tem vindo a jogar regularmente em Portugal, e foi uma surpresa pela positiva. Não tem nada a ver com o que conhecia. É um jogador muito mais evoluído, fisicamente melhor trabalhado. Regressou muito mais forte.»

A declaração de Jorge Jesus abre espaço, porém, a uma possibilidade de, em Cinfães, aparecer o esloveno na baliza. Ainda que ínfima.

Aos 35 anos, o futuro da baliza encarnada não vai passar por Paulo Lopes.

Por isso, Jorge Jesus pode pensar à frente. Depois do diferendo entre Oblak e o Benfica, esta pode ser uma ocasião para «agarrar» de vez o esloveno. Dar-lhe minutos além da equipa B, começar a rodá-lo. Enfim, começar a familiarizá-lo com a baliza mais importante do clube, até porque há vários entendidos que lhe auguram isso mesmo: ser «o» guarda-redes do Benfica.

A baliza em Cinfães não passa apenas pela gestão em campo. Também passa pelo balneário. Paulo Lopes tem sido suplente. Não se lhe são conhecidas zangas ou birras por isso. Foi chamado e cumpriu sempre. Jesus vai preferir manter o status quo (Paulo Lopes segunda escolha, Oblak terceira) ou prefere encurtar caminho?