Jorge Castelo, professor na Faculdade de Motricidade Humana, com especialidade em tácticas e dinâmicas de jogo, traçou um quadro do percurso e do actual momento do Benfica e do F.C. Porto na véspera do primeiro clássico da presente época marcado para o próximo domingo. Em traços largos, o professor defende que o Benfica está muito próximo da sua capacidade máxima de optimização do seu jogo, enquanto o F.C. Porto, mais atrasado, conta com uma maior margem de progressão para o futuro.
Situação actual do Benfica
«O Benfica está mais próximo do desenvolvimento óptimo do seu modelo de jogo porque não houve alterações de maior em relação à época anterior. Houve um trabalho em termos de organização da equipa com mais estabilidade e não teve sobressaltos praticamente nenhuns. Há um trabalho, em termos de organização da equipa, com mais estabilidade. A equipa está motivada porque está no primeiro lugar, o que já não acontecia há muito tempo, porque tem tido resultados positivos e está bem afastados das equipas que lutam pelo campeonato que são os casos do F.C. Porto, Sporting e até do Boavista, que não está nas melhores condições. Estes são os pontos fortes do Benfica, a automotivação, a boa organização, embora, na minha opinião, o desenvolvimento da organização do Benfica já esteja muito próximo do máximo daquilo que se lhes pode exigir. A margem daquilo que é a capacidade máxima do Benfica da margem daquilo que ela produz actualmente é muito curta».
Situação actual do F.C. Porto
«Situação muito diversa da do Benfica. O F.C. Porto teve algumas vicissitudes no início do campeonato, a preparação da equipa teve alguns problemas com a mudança de treinador. São ideias diferentes, treinos diferentes, mentalidades diferentes. O F.C. Porto está um pouco mais longe da sua capacidade máxima em relação ao Benfica, mas conta com uma margem de progressão e desenvolvimento muito maior. Em termos gerais, o plantel do Porto é muito mais forte do que o do Benfica. Se formos comparar jogador a jogador se calhar não vamos encontrar grandes diferenças, mas no aspecto global, o F.C. Porto tem mais opções tácticas e mais opções para poder alterar durante o jogo aquilo que eventualmente possa ser a ideia do treinador. No futuro o F.C. Porto poderá atingir maiores níveis de rendimento, mas isso vai depender muito do número de jogos que vão ter ao longo da época e vai depender muito dos resultados, porque esse é que é o substrato fundamental para que as equipas se tornem coesas, tenham espírito de equipa e atinjam grandes níveis de rendimento».
Jorge Castelo reforçou a importância dos resultados positivos como factor essencial para a formação de um bom conjunto. «As equipas suportam o seu desenvolvimento e a sua capacidade de resposta às situações em funções dos resultados. Podemos ter uma boa equipa, uma grande equipa, mas se os resultados não aparecerem não cresce. Para não estar a falar das equipas nacionais, temos o Real Madrid como bom exemplo. Tem um plantel de altíssimo plantel, mas depois não tem resultados. Não tem resultados porque é um ciclo vicioso: um mau resultado traz desmotivação, a desmotivação traz falta de empenho, a falta de empenhamento provoca desagregamento da equipa que deixa de ter substrato para que estes factores se colem todos e formem uma equipa forte», explicou.