Ufa! O Benfica resistiu a uma noite pouco inspirada das suas principais unidades, à falta de Cardozo e Jesus, e a duas bolas do adversário no ferro. Valeu Matic, que teve de fazer tudo sozinho. Roubou a bola, a pouco mais de 15 minutos do fim, cresceu para a área e rematou cruzado para um golo fantástico, que valeu três pontos e mantém a pressão sobre os rivais.

Só a notícia, que chegou com o aquecimento, de que Cardozo não ia a jogo fazia antever muitas dificuldades para o Benfica esta noite. Essa má notícia parecia acentuar-se com um domínio evidente mas com poucos metros pisados na área contrária, e a consequente ineficácia na criação de oportunidades de golo. Nesses dois ou três momentos, sobretudo nos primeiros 45 minutos, sentiu-se claramente que com o paraguaio em campo as coisas poderiam ter começado a correr bem, bem cedo.

O Sp. Braga, talvez ferido pelas quatro derrotas consecutivas, não foi também o mesmo de outros embates aqui na Luz. Abdicou da pressão no meio-campo contrário e encolheu-se, esperando que os ataques dos rivais, órfãos do seu maior goleador, acabassem por passar. É preciso fazer-lhes justiça e dizer que os minhotos nunca abdicaram do contra-ataque, e até tiveram uma bola à trave, por Éder (teriam outra, por Rafa, no início do segundo tempo), mas a forma como se estenderam (ou pouco estenderam) no relvado diz-nos que quase nunca quiseram jogar de igual para igual com os encarnados. Um Braga de outros tempos teria crescido das incertezas que iam crescendo no seio do rival, e só o fez porque a isso foi obrigado com a desvantagem no marcador.

O plano A (e também B?): as diagonais de Markovic

No primeiro jogo sem Jesus desde o início do castigo, houve algumas mudanças. Cardozo ficou de fora, com uma lombalgia, Sílvio passou da esquerda para a direita para dar entrada a Siqueira, Djuricic fechou o triângulo deixado aberto pela lesão de Rúben Amorim. Lima fez novamente de 9. O plano de jogo, percebeu-se rapidamente, era tentar aproveitar as diagonais de Markovic e, quando isso não fosse possível, a eventual surpresa da chegada de Djuricic à frente de Eduardo. Graças à atenção de Nuno André Coelho, que fez três cortes fantásticos na primeira parte e manteve altos os índices de concentração na segunda, isso não resultou.

Já o Sp. Braga aguentava o facto de não ter bola até ao limite para depois, com Micael, Éder e Alan tentar fazer estragos. Mas também aí, para o lado dos visitantes, não se criava muito perigo. Éder dava trabalho, é verdade, mas com a ajuda do ferro, por uma vez, e com maior ou menor dificuldade, os centrais benfiquistas iam dando conta do recado.

Da trave ao solo de Matic

Com o regresso dos balneários pouco mudou. Ou melhor, mudou um pouco o Sp. Braga, que parecia acreditar que era aquele o momento certo para retirar algo do encontro a seu favor. O Benfica sentia o rival em cima da sua grande área e Rafa, muito irrequieto, teve duas jogadas em que podia ter feito a diferença. Na primeira, a trave assumiu o lugar de Artur, na segunda ninguém percebeu onde ia entrar o cruzamento.

Se o Sp. Braga nunca desistiu do contra-ataque, os jogadores dos encarnados também foram tentando chegar ao golo. Aos 55, Markovic iria atirar por cima num cruzamento rasteiro do compatriota Djuricic; e os dois acabariam mesmo por ser sacrificados pouco depois. Primeiro, entraria Rodrigo, depois Ivan Cavaleiro, com este a entrar com vontade e de facto a mexer no ritmo da partida. Eduardo ainda evitou o golo do jovem sub-21, mas nada poderia fazer, aos 73 minutos, perante o regresso ao passado de Matic. O médio sérvio roubou a bola a Mauro, e foi para a baliza, rematando cruzado bem na frente de Santos. A bola entrou junto ao poste contrário.

Era a vez de Jesualdo mexer e tentar tudo, com as entradas de Hugo Vieira e Pardo. Mas o mais difícil para o Benfica estava conseguido: marcar um golo numa noite gelada, sem Cardozo, e em que tudo parecia estar a correr mal (até a lesão de Siqueira, que deixou o banco encarnado sem poder usar uma última opção de ataque, que seria Funes Mori). Valeu o sérvio do antigamente. E que sérvio foi!