No princípio, era o caos. Falar de Benfica e Sp. Braga é recuperar a história de uma rivalidade que cresceu com a viagem de Jorge Jesus entre o Minho e a capital. A 31 de outubro de 2009, ultrapassaram-se os limites. Foi o início das túneis, das confusões, de um novo clássico. Afinal, o que aconteceu?

Braga campeão? Eles acreditam

André Leone lança o mote durante a conversa com o Maisfutebol. Falava-se sobre a candidatura do Sp. Braga ao título e a visita ao Estádio da Luz. Da polémica crescente entre os dois clubes.

«O início de tudo foi naquele jogo em que eu e o Cardozo fomos expulsos ao intervalo, no túnel. A partir daí, começou a fase quente. A atmosfera já é diferente. Lembra-se?» Claro. Caminho aberto para o regresso ao passado.

Sp. Braga-Benfica, 9ª jornada da época 2009/10, 31 de Outubro. As duas equipas chegam ao AXA em igualdade pontual, na frente do campeonato. Regresso de Jesus ao Minho.

«Começou com a ida do Jorge Jesus para o Benfica. Antes do jogo, disse que conhecia o Braga, que tinha ajudado muito o Braga, etc. Isso fez com que os jogadores do Braga quisessem provar que continuavam fortes. Fomos para o campo a pensar nisso», recorda o central.

Vandinho, também ele a partir do Brasil, junta-se à conversa. Fui suspenso por três meses na sequência dos incidentes. «Começou na saída do Jesus, sim, tínhamos agora o Domingos, também um grande treinador, e queríamos muito ganhar.»

Leone e Cardozo expulsos sem nada fazer

Perto do intervalo, Angel Di Maria levanta o banco do Sp. Braga. Uma bola gera a confusão tremenda. Segue-se o caos no túnel, com todos ao barulho. Resultado final: um vermelho para Leone, um para Cardozo.

«O Rui Casaca veio dizer ao balneário que eu e o Cardozo tínhamos sido expulsos. Mas posso garantir agora que nem eu, nem o Cardozo fizemos nada. Estávamos os dois de costas, a acalmar os outros jogadores. Esses sim, estavam a agredir-se uns aos outros», recorda Leone.

O brasileiro tem uma explicação simples: «Pelo que os dirigentes me disseram, eu e o Cardozo fomos expulsos porque éramos os mais altos. O árbitro quis agir, para não dizerem que não fez nada, olhou lá para o meio e viu-nos a nós. Os mais baixos safaram-se. Tanto que nunca fui ouvido na Liga.»

Infelicidade de Vandinho e revolta de Mossoró

O Sp. Braga venceu por 2-0. Vandinho foi suspenso por três meses, Mossoró por três jogos, Ney Santos por dois.

«Aconteceu aquilo que não é bonito para o Sp. Braga. Lembrar aquilo não me deixa feliz, fiquei três meses sem poder jogar e foi um momento muito difícil na minha carreira», explica Vandinho, com um discurso ponderado.

Em declarações ao Maisfutebol, o médio desmente apenas o que veio no relatório da Comissão Disciplinar da Liga: «Nunca disse que não conhecia o Raul José. Quero deixar isso bem claro.»

André Leone conclui a história. O Benfica viria a vencer na segunda volta (1-0), conquistando o título nacional. O Sp. Braga ficou a quatro pontos. Agora, luta novamente pelo título.

«Não tem como esconder. A partir daí, os jogos ficaram mais quentes. Pelo túnel e por esse jogo na Luz. Perdemos 1-0, houve um penalty por marcar e o Mossoró teve uma lesão grave. Acho que o árbitro nem marcou falta. O Carlos Martins entrou por trás!»

Vandinho, Leone e Ney saíram. Sobra Mossoró, que dá sempre algo mais frente ao Benfica. A rivalidade perdura.

Os restantes capítulos já foram recordados pelo Maisfutebol. Metem bolas de golfe, polémicas entre Alan e Javi Garcia e até três quebras de luz. Nasceu mais um clássico do futebol português.

Benfica-Sp. Braga, a história de uma rivalidade