Histórico a vários níveis, o triunfo do Sporting na Luz quebrou uma série de barreiras e registos. É um daqueles jogos que continuarão a ser falados daqui por vários anos - ajudando assim a perpetuar a lenda dos dérbis. 

Desde logo, a vitória do Sporting, juntando-se à conseguida pelos leões na Supertaça, põe fim a um ciclo claro de ascendente benfiquista: os encarnados tinham ganho 11 dos últimos 19 e não perdiam dois dérbis seguidos desde a temporada 2005/06. Por outro lado, esta vitória dos leões acabou com a invencibilidade caseira do Benfica para a Liga, que durava há 55 jornadas e há mais de três anos e meio, precisamente desde 2 de março de 2012 (2-3, diante do FC Porto). Agora, como então, o Benfica voltou a sofrer três golos, mas desta vez ficou em branco, o que só tinha acontecido uma vez desde essa data – empate 0-0 com o FC Porto, em abril passado.

Do lado do Sporting, já se sabia: a última vitória na Luz datava de janeiro de 2006 (1-3), com Luisão como único resistente desse jogo, nos dois plantéis. Mas para encontrar vitória por três golos de diferença como visitante, para a Liga, só mesmo recuando à época 1947/48, quando os leões se impuseram no Campo Grande, por 4-1, com quatro golos de Peyroteo. Daí para cá, Sporting a ganhar em casa do rival por três golos, só aconteceu em 1987, mas para a Supertaça (0-3). Keith Burkinshaw era o técnico, Silvinho e Cascavel marcaram pelos leões.

Refira-se, entretanto, que o Sporting já tinha chegado à Luz com o seu melhor registo pontual à 7ª jornada, desde que há vitória a três pontos. O registo está obviamente melhorado: nunca, desde 1995/96, o leão tinha virado a oitava jornada com 20 pontos. Já a liderança isolada, está longe de ser dado novo: ainda em 2013/14 chegou nessa condição à 13ª jornada, com Leonardo Jardim ao comando.

Com esta vitória, o Sporting aumenta para 19 a série de jogos sem perder na Liga, a que se juntam mais quatro para a Taça e um para a Supertaça: um total de 24 jogos em provas domésticas, num ciclo que começou a 1 de março, depois da derrota com o FC Porto no Dragão. Desses 24 jogos oficiais, 14 foram ainda com Marco Silva, e dez já com Jorge Jesus.

Em termos individuais, este foi dérbi de estreia para dois jogadores: o mexicano Jiménez (Benfica) e para o italiano Aquilani (Sporting). Bryan Ruiz estreou-se a marcar, enquanto Téo Gutierrez apontou o seu segundo golo em outros tantos dérbis. Mas o destaque, nesse particular, vai para Slimani, que marcou pela terceira vez aos encarnados.

Luisão, o mais veterano, cumpriu o 24º dérbi pelo Benfica (leva quatro golos marcados), somando a sétima derrota (11 vitórias e seis empates). No seu 20º dérbi pelos leões, Rui Patrício ganhou pela quarta vez – a primeira como visitante.

De Jorge Jesus, já muito se escreveu, mas é inevitável lembrar que esta vitória faz dele, apenas, o terceiro treinador na história a ganhar dérbis como visitante, tanto em casa do Benfica como do Sporting – antes dele, apenas Otto Glória e Fernando Santos tinham conseguido a proeza. O dado tem especial relevância para o atual técnico dos leões porque, na sua carreira de treinador, nunca tinha conseguido pontuar na Luz na condição de visitante.

O registo de 12 vitórias em 17 dérbis – 10 pelo Benfica, duas pelo Sporting – a que se juntam quatro empates e apenas uma derrota faz do técnico leonino, a larga distância, o que tem melhor registo histórico no clássico de Lisboa, com um aproveitamento superior a 80%. No confronto direto com Rui Vitória, o saldo também é amplamente favorável a Jorge Jesus, que venceu 12 vezes e perdeu duas.