Foi um Rui Vitória sorridente, tranquilo e de bem com a vida que surgiu frente aos jornalistas para ser apresentado como treinador do Benfica para as próximas três épocas.
 
Atrás dele, a decorar toda a sala, estavam aos trinta e quatro troféus de campeão que mostram a grandeza do clube. À frente estavam todos os principais dirigentes do clube: Luís Filipe Vieira, Rui Costa, Domingos Soares de Oliveira, Paulo Gonçalves, Lourenço Coelho, Shéu, enfim. No centro estava ele, Rui Vitória, disponível para responder a tudo.
 
«Quero fazer um agradecimento a toda a gente que me ajudou a chegar até aqui e estou a lembrar-me dos clubes por onde passei: o Vilafranquense, o Benfica, o Fátima, o Paços Ferreira e o V. Guimarães», começou por dizer.
 
«Uma palavra mais especial aos meus pais, que me iluminaram todo o caminho e estarão muito orgulhosos.»
 
Depois sim, veio o essencial.
 
«Darei a vida por este clube», atirou.
 
«Não prometo títulos, prometo entrega, dedicação e dar a vida por este clube. Quero muito ganhar, quero muito ser campeão, mas o que posso prometer é uma dedicação enorme.»
 
Rui Vitória continuava a falar com uma calma olímpica e a determinado momento veio a pergunta: está tão tranquilo que parece que esta mudança não está a causar impacto...?
 
«Como nunca fiz grandes planos a longo prazo na minha vida, as coisas aconteceram de forma natural, sempre dei passos seguros e sustentados», respondeu.
 
«Está a causar impacto no sentido em que tenho perfeita noção da grandeza do clube, mas por outro lado sinto este era o passo seguinte que tinha de dar.»
 
Posto isto, Rui Vitória marcou desde logo uma grande diferença em relação ao passado: acabou o discurso egocêntrico. Não há um Benfica de um homem só, que faz, e cria e acontece. O treinador está ali para ser parte do processo, apenas.
 
Quando lhe perguntaram se pediu algum jogador do V. Guimarães, por exemplo, Rui Vitória foi lapidar. As coisas não funcionam assim.
 
«Não pedi nada de específico. Sempre acreditei que isto tem de ser um trabalho conjunto, um trabalho de muita gente. Vamos ultimar as coisas sempre numa grande comunhão de ideias», garantiu.
 
«Um processo negocial para contratação de um jogador num clube como o Benfica, é longo. Há um escrutínio enorme. Tenho de fazer um grande elogio às pessoas que andam pelo mundo a descobrir jogadores. Este é um longo processo e eu entro no fim, perguntam-se se gosto ou se não gosto. Eu confio no olho das pessoas.»
 
Aí está Rui Vitória, portanto: o oposto do passado. Um homem discreto, afável e que se afirma apenas como parte do processo. Nem mais nem menos do que todos os outros.

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