Nélson visita a carreira a convite do Maisfutebol. Lembra o dia em que Manuel Pellegrini disse que ele era melhor do que Miguel, lamenta as lesões e as escolhas menos felizes, diz enfim que ainda está cá para durar...

Acho que foi o Manuel Pellegrini que em 2005 disse que o Benfica não ia sentir falta do Miguel porque tinha uma lateral direito melhor que era o Nelson...
Sim, nesse ano jogámos duas vezes contra ele na Liga dos Campeões. Substituir um jogador do talento do Miguel, no Benfica e na seleção nacional, não é fácil. Mas nesse ano reunia todas as condições para chegar a um alto nível.

Sente por isso que podia ter chegado mais longe?
Não gosto de falar muito do passado, porque pouco pode beneficiar. Mas tive muitos percalços. Com a qualidade que tenho, e com um bocadinho mais de sorte, podia ter chegado a outro patamar do futebol mundial. Mas sou feliz e estou agradecido pela carreira que fiz. Tenho 31 anos, cuido de mim para jogar muitos mais anos a um alto nível e vou continuar por aí. Mas sei que será muito difícil chegar ao patamar que eu sonhei.

Que percalços foram esses?
Por exemplo estava a afirmar-me na seleção nacional e tive uma lesão muito grave, que me obrigou a ficar um ano parado. Isso foi fundamental, porque nessa altura tinha propostas muito boas de clubes muito bons na Europa.

Que propostas eram?
Tive propostas do Nápoles, tive propostas do Aston Villa quando estava em grande, era seguido por Barcelona e Real Madrid.

Depois vieram as lesões...
Mas, para além das lesões, é verdade que nem sempre as opções que fazes te conduzem a um clube bem estruturado e com um bom balneário para te desenvolveres como jogador. Eu fiz as minhas escolhas pensando sempre em progredir na minha carreira, e agora não olho para trás. Não vale a pena.

Ter saído do Benfica para o Bétis foi um erro?
Nessa altura estava a precisar de mudar. Chegou a uma altura no Benfica em que sentia que tinha de mudar de uma forma ou de outra. Foi para o Bétis, e se soubesse como estava a estrutura do clube naquele momento tinha pensado duas vezes. Mas não me arrependo. Sou feliz. Estou orgulhoso da carreira que fiz e tenho a minha vida organizada devido ao futebol.

O golo que fez ao Manchester United foi o ponto alto da sua carreira?
O momento alto da minha carreira foi outro: depois de recuperar de uma lesão em que estive um ano parado, uma lesão que podia ter terminado a minha carreira, e no primeiro jogo fazer um grande golo que valeu a vitória ao Bétis... esse sim foi o momento alto da carreira. Mas o golo ao Man. United também foi um dos momentos bonitos, até porque foi num estádio espetacular, com a minha camisola preferida e num momento difícil por causa da doença do meu pai.



Veja como foi o golo de que Nelson fala, frente ao At. Bilbao: