A auditoria forense encomendada pelo Benfica depois da detenção de Luís Filipe Vieira e em virtude da operação «Cartão Vermelho», poderá estar concluída apenas no final do ano, assume o co-CEO da SAD dos encarnados, Domingos Soares Oliveira.

O dirigente encarnado detalhou os contornos do processo para explicar a demora na apresentação dos resultados. «Este processo envolve, no total, três matérias. Uma, o caso Imosteps, em nada tem a ver com o Benfica, a segunda tem a ver com o Sr. Textor e a terceira, sim, é uma matéria relevante que é perceber se, em relação a determinados contratos de jogadores, a Benfica SAD foi prejudicada», começou por explicar ao ECO.

Soares Oliveira recordou que foram identificados três contratos de três jogadores sul-americanos. «O que foi o entendimento da direção do Benfica foi contratar uma entidade que pudesse desenvolver uma auditoria forense e que nunca tivesse trabalhado com o Benfica. Essa entidade foi a EY e desenvolveu assim um trabalho de investigação sobre estes três primeiros contratos», contou.

O dirigente assumiu que existem questões que atrasam a auditoria forense, nomeadamente porque «a entidade auditora não pode violar as caixas de email de pessoas que não o autorizem».

«Temos uma série de pessoas que trabalham no Benfica e autorizaram de livre e espontânea vontade o acesso aos seus e-mails, mas as pessoas que saíram do Benfica, por razões que eu diria absolutamente compreensivas, não autorizaram esse acesso», acrescentou.

Soares Oliveira afirmou que o Benfica ainda não encontrou evidências de que tivesse saído prejudicado nos três contratos identificados. «É importante referir isto porque se alguma coisa tivesse sido identificada que levasse à suspeita de que a sociedade tinha sido prejudicada, isso teria sido posto cá fora. O próprio presidente [Rui Costa] referiu, na altura, que seria implacável com esse tipo de resultados», frisou.

«Após as buscas, o Ministério Público levou mais 52 contratos que se traduziram depois, na prática, em 48. Estes contratos têm um envolvimento de cerca de 30 agentes. Portanto, o trabalho agora é mais complicado. Para facilitar, o que se fez foi dividir este trabalho em lotes, que estão separados de acordo com uma lógica. O lote 1 já está entregue, mas ainda não posso falar aqui dos resultados porque ainda não foram apresentados internamente», disse ainda.

No total, são nove lotes e o lote 2 e 3 «estão a ser trabalhados». «É um projeto que irá até ao final do ano», assumiu, antes de negar que Rui Costa se tenha comprometido a divulgar resultados antes dessa data.

«Na altura das eleições [realizadas em outubro passado], o que se comprometeram foi a conduzir a auditoria forense e apresentar esses resultados quando fosse possível. Estes resultados, como digo, estão associados a processos que estão em segredo de justiça. Também há uma coisa que não podemos fazer, e certamente o Ministério Público não iria gostar, é colocar essa informação cá fora. Nós não somos jornalistas, somos a entidade que eventualmente terá sido prejudicada e é nessa posição que atuamos», explicou.

O co-CEO das águias reforçou que este trabalho é «muito complexo e caro», já que custa ao clube «umas largas centenas de milhares de euros» e garantiu que o clube só se vai constituir como assistente se «no dia exato em que se sentir prejudicado».

Apesar das investigações que envolvem o clube, Soares Oliveira não sente que o seu lugar possa ser colocado em causa, até pela confiança que tem recebido de Rui Costa.

«Sinto-me perfeitamente legitimado nesta administração e enquanto o presidente tiver confiança no meu trabalho. A nova direção do Benfica foi eleita em outubro de 2021 e a questão da minha continuidade no clube foi um tema sobre o qual o presidente pôde clarificar aquilo que era o seu entendimento. Deu-me nessa altura, não apenas um mas vários votos de confiança relativamente a essa matéria», frisou.

O dirigente da SAD encarnada considerou ainda «absolutamente natural» que seja equacionada a saída do Benfica e confirmou abordagens para abraçar outros projetos.

«Desde o verão, talvez até antes disso, recebi um conjunto de convites que nunca escondi do presidente Rui Costa. Sempre trabalhei de forma honesta e transparente com o presidente e com as entidades que me fizeram esses convites. Na altura, pediu-me para esperar pelas eleições para tomar uma decisão, e assim foi. Tivemos os dois a conversa que tínhamos de ter, foi suficientemente clarificadora, mas isso não significa que as entidades que me fizeram convites tenham abandonado o processo. Ainda houve algumas tentativas e, de forma muito transparente, eu mantenho uma relação com todas essas entidades. E até mantenho uma relação de trabalho, como é o caso suficientemente sabido, com a Liga [de Clubes]. Agora, é um projeto para quatro anos», reforçou.

Soares Oliveira destacou ainda a relação construída ao longo dos anos com o presidente Rui Costa. «Acho que nos complementámos relativamente bem, o Rui [Costa] tem experiência numa série de áreas que eu não tenho, eu tenho uma experiência já de alguns anos em matérias em que o Rui está agora a entrar. Temos conseguido fazer um trabalho de equipa, que está a dar bons resultados, com rumo. Passámos por um processo traumático, isso não há forma de o esconder», concluiu.