Alfa Semedo assinou contrato com o Benfica por cinco anos e ainda tem três épocas mais de ligação, mas à semelhança do que aconteceu na segunda metade da temporada anterior, foi novamente emprestado. Desta vez ao Nottingham Forest, da II Liga Inglesa.
Para trás ficou a infância em Bissau, onde o Benfica o descobriu num torneio de academias locais. Com apenas 17 anos, Alfa Semedo deixou a família, os amigos e partiu à conquista do sonho, para encontrar outra família e outra mãe numa casa de acolhimento em Lisboa.
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Como é que o Benfica o descobriu em Bissau?
Foi num torneio de Academias em Bissau. Estava lá um scout do Benfica e escolheu-me para viajar até Lisboa e fazer captações. Cheguei a Portugal, correu tudo bem, graças a Deus, e consegui ficar. Foi nessa altura que assinei com o Benfica.
E falaram consigo logo no fim desse torneio?
Sim, sim. Foi logo no final do torneio. Chamaram-me a mim e ao dono da Academia em que jogava. Disseram-me ‘olha, está aqui um scout do Benfica, está muito interessado em ti, quer levar-te para Lisboa para fazer captações, é uma grande oportunidade para ti’. E eu claro que sim, tranquilo. Era o meu sonho. Estava na Academia para isso, para chegar ao futebol europeu. É o sonho de todas as crianças que jogam futebol em África.
E não ficou com um pouco de receio de vir para Lisboa sozinho?
Claro que fiquei com receio: deixar a família, deixar os amigos de infância, deixar tudo para trás. Mas pensei positivo. Ia atrás do meu sonho, ia atrás do que gostava de fazer. Queria fazer alguma coisa da minha vida e esta era a forma de poder ajudar a minha família e os meus amigos.
E como correram as captações no Benfica?
Sim, cheguei ao Benfica, comecei a treinar com os juvenis, depois passei a treinar com os juniores. Correu tudo bem. Falaram comigo, falaram com o meu agente, disseram-me que queriam assinar comigo e assinei. Fui inscrito para a segunda fase do campeonato. O meu primeiro jogo com a camisola do Benfica foi frente ao Nacional.
E ficou a viver no Seixal, certo?
Sim, vivi no Seixal seis ou sete meses. Depois fui viver para uma casa de acolhimento com o Gedson Fernandes e com outro rapaz da Guiné que é o Umaró. Na altura o Centro de Estágios estava cheio e era normal alguns miúdos irem para uma casa de acolhimento.
Viviam em casa com uma família normal, não é?
Não, nós estávamos só com uma senhora. Os três mais essa senhora. Foi dessa altura que ficou uma grande amizade com o Gedson, que ainda hoje se mantém. Ele também sabe falar crioulo e ficávamos muito tempo a falar crioulo. E a senhora também é uma boa senhora, ainda hoje continuamos a falar: fala comigo, fala com o Gedson e nós tratamo-la por ‘mãe’. É uma senhora cinco estrelas mesmo.
Quando tempo viveu na casa?
Vivi lá um ano.