Sabry - todos os números do «faraó»

O regresso de Sabry ao Benfica foi o facto mais marcante na vitória dos encarnados em Campo Maior. Depois da guerra desencadeada com José Mourinho, na sequência de uma entrevista fortemente crítica no jornal A Bola, a que o técnico do Benfica respondeu com contundência, o egípcio voltou aos convocados, depois de um jejum de dois jogos. 

O acolhimento de que foi alvo por parte dos adeptos encarnados presentes em Campo Maior não deixa dúvidas: o malabarista egípcio continua a ser um dos favoritos do público. Mas as declarações de Mourinho no final do encontro demonstram também que o golo não chegou para apagar o rol de críticas a que Sabry está sujeito: «Demos-lhe aquela liberdade que o desinsere dos esquemas tácticos, o que é mais fácil quando se tem um homem a mais», afirmou o treinador do encarnados, confirmando que a integração de Sabry em circunstâncias normais continua a levantar-lhe reservas. 

Benfica sem Sabry: 100 por cento de vitórias 

Se essa reserva pode ser atribuída ao rigor táctico de que Mourinho é assumido apologista, a verdade é que os números parece darem-lhe razão. Pode ser coincidência, mas o Benfica efectuou 15 jogos oficiais esta época, 12 deles com o egípcio no onze, ou como suplente utilizado. O saldo é desencorajador para os padrões habituais dos encarnados: 4 vitórias, 4 empates, 4 derrotas, 14-14 no saldo de golos marcados e sofridos. 

Por outro lado, nos três jogos efectuados sem Sabry, o Benfica conseguiu três vitórias. Frente ao Estrela da Amadora (2-1), o número 10 da Luz estava castigado e não fez parte dos planos de Heynckes, no último jogo do técnico alemão à frente da equipa. Com o Farense (2-1) e o V. Guimarães (4-0), o castigo foi de outra ordem: Sabry tinha deixado de fazer parte das opções de Mourinho, na sequência do já referido braço-de-ferro. 

Sedento de afirmação, e moralizado pelo apoio do público, o egípcio voltou pela porta grande, com um golo que demonstrou todas as qualidades do seu futebol habilidoso. Mourinho aplaudiu, mas não se mostrou rendido. 

Resta saber as implicações destes acontecimentos no futuro imediato da equipa encarnada. O regresso de Sabry tem o timing perfeito, a menos de uma semana do Benfica-Sporting. Não é novidade que o número 10 consolidou o seu prestígio junto dos encarnados graças aos golos marcados na época passada, frente ao F.C. Porto e, especialmente, ao Sporting. 

E essa predilecção para os grandes momentos pode jogar a seu favor, tanto mais que a sua motivação deve andar próxima dos níveis máximos e, como o próprio Mourinho já deixou claro, o seu rendimento é substancialmente melhor quando joga na Luz: o golo marcado em Campo Maior foi clara excepção a uma constante da temporada de que os pontos altos (um golo ao Beira-Mar, três assistências para golo, frente ao mesmo Beira-Mar, ao Sp. Braga e ao Campomaiorense, para a Liga) foram sempre conseguidos nos jogos em casa. 

Mas esse é um problema extensivo a toda a equipa, não apenas a Sabry: dos oito jogos oficiais que os encarnados efectuaram fora de portas, o saldo de apenas duas vitórias (em Guimarães e em Campo Maior) resume quase todas as explicações para a escassez de pontos que afecta os encarnados, decorrido já mais de um terço da I Liga. 

Que essas duas vitórias tenham sido alcançadas em semanas sucessivas, eis um indicador positivo, cujo significado o derby do próximo fim-de-semana poderá esclarecer. 

Os números de Sabry na época em curso 

I LIGA 

Total: 9 jogos, 3 vitórias, 3 empates, 3 derrotas; 1 golo marcado; 3 assistências; média de pontos Maisfutebol: 2,22 
 

* Suplente utilizado 

TAÇA UEFA 

Total: 2 participações, 1 empate, 1 derrota; 0 golos marcados; média de pontos Maisfutebol: 2 
 

TAÇA DE PORTUGAL 

*Suplente utilizado