Nem só de caras novas é composta a equipa técnica do Benfica. A época 2022/23 trouxe de volta um nome bem conhecido na Luz, mas que ainda na última temporada era jogador: Javi García. O técnico espanhol, que terminou a carreira ao serviço do Boavista, explicou como se deu o regresso aos encarnados.

«Foi uma coincidência. Em janeiro, falei com a minha família e decidi que no final da temporada ia deixar o futebol. Dois meses depois, em março, ligou-me Rui Costa, o presidente. Temos uma relação muito boa do tempo em que fui jogador no Benfica e ele era diretor-desportivo. Mantivemos o contacto. Disse-me que pensou em mim e para mim foi uma grande notícia, algo que não esperava. Sabia que em Portugal tinha um pouco mais as portas abertas para poder começar noutras funções, mas isto foi demasiado. Sem pensar disse logo que sim. Quem está em Espanha não conhece realmente a dimensão do clube. Para terem uma ideia, o Benfica em Portugal é como o Real Madrid em Espanha», começou por dizer em entrevista à Radio MARCA.

«Estava a jogar há quase dois meses. Um ex-futebolista consegue estar dentro da cabeça dos jogadores em muitos momentos, percebe perfeitamente o que pode estar a sentir. Neste caso, o treinador Roger Schmidt é alemão, é estrangeiro e era preciso ter alguém que tivesse jogado aqui. Fiz quatro temporadas no Benfica e vão ter sempre alguém que conhece o campeonato. Não é muito conhecido e é bastante complicado. O clube tenta ter alguém para tentar ajudar o treinador em tudo o que precise», acrescentou.

O antigo internacional espanhol, de seguida, explicou as razões que levaram o Benfica a ir à sua procura.

«O mister Roger Schmidt vinha com muito pouca gente. Apenas trouxe um segundo treinador de campo que é mais jovem do que eu um ano. Veio um preparador físico e apenas outra pessoa. Propuseram-me isto porque iria ter a exigência no que se passava em campo e controlar exercícios», revelou, antes de abordar a boa relação que estabeleceu com os restantes elementos do staff.

«Quando um treinador traz muita gente com ele, a pessoa do clube passa um pouco ao lado. Neste caso não. Estamos muito bem. Isto é raro. Há dois meses era jogador e agora estou a organizar treinos e a fazer tarefas de treinador. É bastante diferente. Não é fácil até nos habituarmos, mas estou contente.»

Javi García analisou ainda o perfil de dois dos principais nomes do início da temporada do Benfica. Enzo Fernández, recrutado ao River Plate, não demorou muito até encantar.

«Está há pouco tempo connosco, mas é daqueles que só precisamos de ver um dia ou dois… Que jogador! Tem 21 anos e joga como um jogador de 30. É incrível como gere os tempos de jogo sendo tão jovem. Desde o primeiro dia que leva a equipa às costas. É impressionante. Dá muitíssimo à equipa. Não há ninguém com este perfil para fazer o que ele faz. Seguramente que dentro de um ano estará em grandes equipas», projetou.

Gonçalo Ramos, que tem suscitado interesse junto de clubes ingleses, também mereceu elogios.

«A ver se aguenta esta época no clube. Fala-se muito de que possa sair. Ele é muito jovem, tem um potencial muito grande. É um avançado muito agressivo, talvez não seja tecnicamente muito diferenciado, mas tem golo e quando se jogava na frente é o que se quer. Quando pagam milhões como ultimamente tem acontecido é com esse objetivo. Queremos que marque golos e tem apenas 21 anos. É super agressivo e tem sempre a baliza na cabeça», rematou.