Na antevisão do jogo com o Belenenses, Jorge Jesus foi novamente questionado sobre o facto de ter entregue a braçadeira de capitão a Otamendi no jogo com o Lech Poznan.

«É uma decisão minha, que foi um bocadinho polémica, não sei porquê… ou melhor, no fundo sei. Os adeptos têm um contexto mais sentimental, mais apaixonado, eu olho para os interesses do Benfica de forma diferente, tenho de ver outras coisas que, desportivamente, são importantes», começou por dizer o treinador.

«O Benfica tem cinco capitães de equipa. Dos cinco, o André Almeida não joga até ao final da época e o Rúben Dias saiu para o Manchester City. Ficaram três. Tinha que incluir um capitão. É o que faço sempre onde chego, passo a escolher mais um. Então dentro deses jogadores novos, olhei para o perfil deles, o perfil desportivo. Quem podia escolher? O Vertonghen foi só capitão do Tottenham e da seleção da Bélgica. O Otamendi foi várias vezes capitão do Manchester City e sub-capitão da seleção argentina, só. Eu tinha de escolher um que tivesse estatuto e entre ele e o Vertonghen, o Otamendi é o único que falava português», explicou Jesus.

«Vamos jogar com o Standard Liège, se o capitão for o Otamendi, o árbitro diz assim... Um jogador do City, um jogador da seleção argentina. Tem estatuto. Tem experiência de balneário», frisou o tecnico, dando um exemplo concreto.

«O capitão de equipa, hoje, fala-se muito que passa muito pelos anos que tem de clube, mas não há um, há vários. Há jogadores que estão muitos anos num clube e não são capitães», disse ainda, dando um exemplo.

«Ficámos todos contentes com o Bruno Fernandes ser capitão no Manchester United. Está lá há dois meses ou três. Porquê que o escolheram? Porque ele é líder. A jogar e fora do jogo. Um capitão não é escolhido por ter anos no clube, isso era no tempo de D. Afonso Henriques. Agora não é assim. Para seres capitão de equipa tens de ter argumentos, não só o passado no clube, mas outros muito importantes. Um dos grandes capitães que tive no clube foi o Luisão. Hoje trabalha na estrutura técnica da equipa porquê? Porque tinha isso! É muito mais do que os anos do clube. Há muitos que não gostam, eu percebo porque o Otamendi foi jogador do FC Porto, mas isso no futebol atual já não existe. Hoje os jogadores saltam, é assim o futebol.»