Jorge Jesus entende que aquilo que distingue um treinador é a criatividade com que trabalha, e que leva, depois, a que outros procurem copiar as ideias.

«Há seis, sete, oito ou nove treinadores que criam. Os outros copiam», referiu o treinador do Benfica, durante a sua palestra na conferência Global Football Management, apresentada precisamente no Estádio da Luz.

«O treinador vai evoluindo pela criatividade. Não se forma em faculdades», acrescentou Jesus, assumindo a exigência que coloca no seu trabalho, e nessa vontade de inovar.

«Os meus jogadores sabem como penso. Por isso dizem que sou chato. Para mim não há limite. Penso na evolução. Qual o treinador que não é ambicioso? Todos são. Não há livros para dizer como chegas lá. É a tua criatividade. Há livros para fazer treinos, mas não dizem como operacionalizar as tuas ideias», acrescentou.

Jesus disse aprender com o jogo e com os jogadores, mas também com outras modalidades: «Eu leio muito sobre desporto: andebol, basquetebol, futebol americano. Sobre treino… zero. É a minha cabeça. Aprendo com os meus jogadores.»

O treinador do Benfica voltou a reivindicar a ideia de aplicar os “bloqueios” no futebol, e até brincou com a “vigilância” que existe atualmente: «Há quinze anos transportei os bloqueios do basquetebol para o futebol. Não existia VAR, era mais fácil.»

A fechar a palestra, já na fase de perguntas do público, Jesus foi desafiado por Jair Ventura, jovem técnico brasileiro, a deixar um conselho a quem está em início de carreira.

«Quando começamos não sabemos nada. Sou muito melhor treinador do que era quando comecei, ou mesmo há cinco anos. Que acredites muito no que fazes e que desenvolvas ideias no treino. Se errares, erra pela tua cabeça, e não pela cabeça dos outros», respondeu.

Na palestra que encerrou o primeiro dia da conferência, Jesus destacou também a relação entre prazer e pressão.

«Quando não tens prazer, a pressão vai confundir-te. Mas quando tens paixão e prazer, é isso que te comanda, e não a pressão», defendeu o técnico do Benfica, que deu o exemplo de Cristiano Ronaldo.

«Ele tem prazer em jogar! Para ele não há pressão. Por isso vai jogar até aos 40 anos, se o corpo deixar», concluiu.