Jorge Jesus, treinador do Benfica, em declarações aos jornalistas após o empate com o Rangers (3-3) para a Liga Europa no Estádio da Luz:

«Já tínhamos analisado que ia ser jogo difícil, mas nunca me passou pela cabeça que o jogo tivesse estas consequências: a expulsão do Otamendi, estarmos em vantagem e em três ou quatro minutos perdê-la e depois ficarmos a perder por 3-1 em dez minutos, com menos um jogador, conseguir fazer o 3-3. Este jogo tem características que não acontecem muito nos jogos. Mas isso aconteceu pela crença e pela qualidade dos jogadores do Benfica.

Quando eram onze contra onze, o Benfica fez um golo, comandou o jogo e esteve pressionante. Quando lancei o jogo, disse que esta equipa tem um sistema complicado. Um 4x3x3 agressivo que não é aquele em que a maior parte das equipas jogam. Muito agressiva nos corredores e os laterais muito projetados ofensivamente, o que obrigava os nossos alas, e com menos um, a ter de ajudar o nosso lateral. Muitas vezes isso não aconteceu e o Diogo e o Nuno tiveram muitas dificuldades.

Naqueles minutos depois de perder um jogador, a equipa desorientou-se taticamente: é normal, porque não estamos habituados a jogar com dez.

Mas o intervalo foi importante para conversarmos e montarmos a estratégia. A mudança dos nossos laterais visava isso e, mesmo a perder 3-1, houve três ou quatro jogadores que tiveram crença e qualidade e levaram a equipa para a frente. Surpreendemos o adversário quando ele pensava que o jogo estava ganho.

Não ganhámos, mas este foi um daqueles empates que soube bem. E os jogadores do Benfica estão extremamente confiantes e felizes: foi uma demonstração de crença. Este jogo, além do resultado, mostrou uma equipa inteligente e com alma. Alma que não tivemos no jogo do Bessa.»

[Sem a expulsão seria diferente? O Benfica ganharia o jogo?]

«Se resumir por aqueles dez minuto diria que sim. Fomos muito intensos e tivemos muita qualidade naqueles dez minutos. Estivemos sempre perto do golo, mas isso não quer dizer que tivéssemos continuidade. Mas acreditava. Como acreditei mesmo quando estávamos a perder com menos um jogador. Ao intervalo, disse aos jogadores o que ia acontecer nos segundos 45 minutos: esta equipa ia obrigar-nos a correr. Era preciso fechar os espaços e aproveitar um ou dois momentos de saída, porque íamos ter oportunidades de golo. Desde que não falhámos, não perderíamos o jogo. O 3-1 complicou a minha ideia, mas esperei pelo momento certo para lançar o Darwin e o Luca. Com duas saídas fortes fizemos o 3-2 e o 3-3. Foi um jogo complicado, mas os jogadores do Benfica abordaram este jogo de forma muito inteligente.»