A contratação de Everton Cebolinha pelo Benfica gerou polémica ainda antes de estar concretizada. Recorde-se que Renato Gaúcho, treinador do Grémio, mostrou-se muito irritado por Jorge Jesus ter telefonado ao jogador na véspera da final do campeonato estadual e diz que o técnico encarnado pediu ao atleta para não jogar nesse encontro. Jesus confirma o telefonema, mas nega que tenha pedido a Cebolinha para não jogar.

O técnico brasileiro voltou agora a falar do assunto em entrevista ao jornal A Bola e a versão que conta já e diferente. «Em momento algum disse que Jesus pediu ao Everton para ele não jogar. Disse que faltou ética porque ligou para o meu jogador na véspera de uma decisão contra o nosso maior rival [Internacional]. Não é a mesma coisa», afirmou.

«Não sou contra ligar a jogadores, já o fiz no passado, poderei fazê-lo novamente. Mas não na véspera de uma decisão. Ninguém sabe o que passei, a convencê-lo a jogar. A cabeça de um jogador transforma-se quando alguém liga, principalmente se for uma transferência para a Europa. Jesus ligou na hora errada», apontou Renato Gaúcho.

«Seria o mesmo que eu ligar para um jogador de Jesus na véspera da decisão [de um título] com o FC Porto. Ele não iria gostar», disse ainda.

Durante o tempo em que Jorge Jesus esteve no Brasil, no comando do Flamengo, teve uma relação tensa com Renato Gaúcho e o técnico do Grémio diz agora que nem conhecia o treinador português antes.

«Nunca tinha ouvido falar dele, com todo respeito, nada tem a ver com a idade. Só ouvi falar dele quando chegou ao Brasil. Trabalhou num clube que montou uma seleção e ganhou, mérito dele. Um jogador quando é grande não aparece com 35 anos, aparece com 19 ou 21 anos.»

Renato Gaúcho não poupa elogios a Everton Cebolinha. «Dou os parabéns ao Benfica, fez uma grande contratação», afirmou, destacando a capacidade de drible do jogador.

«É muito forte no um para um, tem muita força e habilidade. É um grande profissional, gosta de trabalhar e de ouvir. É caseiro. Dizem que brasileiro gosta da noite, ele não», garantiu, assegurando: «Dificilmente vão encontrar um defeito no Everton. Talvez algum individualismo, porque ele tem muita confiança na finta e no drible. Estava habituado a apanhar um, no máximo dois adversários, agora tem no mínimo três e, por vezes, precisa levantar a cabeça. Aconselhei-o e, agora, tem poucos defeitos.»