Quase uma década depois, Pizzi deixa o Benfica em definitivo para assinar pelo Al Wahda

Nem sempre consensual na Luz, o internacional português despede-se com números que deixam poucas ou nenhumas dúvidas. As águias deixaram sair um dos seus melhores intérpretes dos últimos anos. Vejamos: 360 jogos, 94 golos e dez títulos. 

A juntar aos números, aos golos e às assistências, o bragantino foi o rei da Liga em 2016/17. Depois de um empréstimo ao Deportivo da Corunha, o futebolista chegou a Lisboa como extremo em 2014, mas rapidamente se percebeu que essa não era a sua função. Pizzi soube ser o que a equipa precisou: ora a «8», ora a «10», ora como «falso extremo», mas sempre com um rendimento acima da média.

«Acho que pela minha maneira de jogar e por gostar de ter a bola posso, se calhar, sentir-me mais importante a jogar no meio. Gosto de ter a bola e controlar os tempos de jogo. Gosto de variar o centro de jogo, associar-me com os meus colegas em tabelas. Posso sentir-me mais confiante no meio, mas jogando na direita ou no meio é igual. O mais importante é participar da melhor maneira», referiu, numa entrevista exclusiva ao Maisfutebol em 2020

Se Jesus encontrou a melhor posição para Pizzi após a saída de Enzo Pérez para o Valência e este manteve o rendimento com Rui Vitória, foi com Bruno Lage que o jogador viveu a sua era dourada no Benfica. Durante o período em que o atual técnico dos Wolves esteve à frente da equipa, o médio conseguiu números impressionantes: 30 assistências e 35 golos. Participação direta em 65 golos das águias. 

 «Eles nunca foram um problema. Como é que seriam? O Pizzi marcava 20 golos por época e o Rafa fez a melhor época comigo, com 18 golos. Faltaram-nos, sim, alternativas para que quando o Benfica começasse a jogar consecutivamente de três em três dias pudesse ter uma capacidade de rotação de modo a que não se notassem oscilações», afiançou Lage, em declarações ao nosso jornal, negando qualquer problema com o internacional português.

De um não problema para Lage à desavença com Jesus 

O Benfica saiu vergado do Dragão por 3-0 e caiu nos «oitavos» da Taça de Portugal. Pizzi, um dos mais antigos do plantel, mostrou o seu desagrado no balneário imediatamente após a derrota. Um momento que o próprio abordou recentemente.

«É o normal dentro de um balneário, toda a gente a dizer ‘Calma, calma’, ‘bora, já passou’. Aquilo acabou ali. (…) A ideia que ficou formada foi que o Pizzi era o culpado de tudo, quando simplesmente queria ganhar aquele jogo, porque era contra um rival direto, senti-me completamente chateado por aquilo que se passou porque quero defender o Benfica até à morte», relatou. 

Embora se mantivesse como um dos capitães, o médio vivia na condição de suplente. O desabafo que soltou no Dragão acabou por tornar proporções que este porventura não imaginava e abriu caminho à sua saída do Benfica. Jesus não gostou do que Pizzi disse e colocou-o à margem dos restantes, decisão que desagradou ao plantel.

«Os meus colegas simplesmente contaram aquilo que se tinha passado e que, para eles, não tinha absolutamente mal nenhum. Foi com base nisso que disseram que iam ficar do meu lado porque eu não tinha feito nada de mal. O assunto acabou por morrer ali, mas tomou uma proporção maior porque o míster saiu e culpou-se aquela situação que me envolveu. Quando eu só tentei, do meu ponto de vista, defender o meu clube», justificou.

De resto, Pizzi frisou que não guarda mágoa de Jesus, embora o técnico tenha justificado o fim da sua segunda passagem pela Luz com o episódio no balneário no Porto.

«Já não havia mais ambiente. Depois ainda houve a indisciplina do Pizzi, que disse um monte de disparates a um dos meus adjuntos, num jogo em que eu estava suspenso, e aí tudo desabou», disse, numa entrevista em maio último.

Certo que é que Jesus partiu em vésperas do Ano Novo e Pizzi não ficou muito mais tempo. Era o início do fim do período no Benfica. Foi por empréstimo para os turcos do Basaksehir e regressou para a pré-temporada às ordens de Schmit, mas rapidamente se percebeu que o alemão não contava com o médio.