Bruno Lage reservou boa parte da conferência de antevisão do jogo com o Moreirense para explicar a temporada irregular de Samaris. Jogo a jogo, mês a mês, o treinador explicou com detalhe as opções que foi tomando para o meio-campo ao longo da temporada e acabou a anunciar que o médio grego vai ser titular esta segunda-feira. «Amanhã é Samaris e mais dez», anunciou.

Foi a última pergunta da conferência de imprensa, mas a resposta foi tão longa como todas as respostas anteriores juntas. O treinador vinha claramente preparado para falar sobre o assunto e, de facto, nem esperou que a pergunta fosse feita, vastou ouvir o nome do grego para começar a falar.

«Acho que é importante falar do Samaris e do que está a ser posto em causa que é a não utilização mais constante do jogador e por eu, ao longo do tempo, ter sempre defendido o que tem sido a minha opção», começou por destacar, anunciando, desde logo que ia abrir «um parêntese largo» para esclarecer tudo. Logo a seguir, o treinador fez um historial exaustivo da temporada de Samaris que vamos resumir aqui.

Início da época: «Começámos a época para dar construção, agressividade, equilíbrio defensivo, com Florentino e Gabriel, e até começamos bem porque vencemos a Supertaça ao Sporting. No final desse jogo, Gabriel lesionou-se. A primeira opção, porque foi alguém que nos tinha dado tanto o ano passado, foi Samaris».

Arranque da Liga: «Com Gabriel lesionado, quem jogou? Primeira jornada, Paços de Ferreira, Samaris. Segunda jornada, Belenenses, Samaris. Terceira jornada, FC Porto, quem começa? Samaris sai ao intervalo e entrou o Adel [Taarbat]. Entrou deu uma alegria e uma dinâmica que a equipa estava a precisar naquele momento. O Adel entrou bem, fomos a Braga, vencemos e o Adel foi considerado o melhor em campo, mas o Tino lesionou-se».

Lesão de Florentino: «Tive de analisar o equilíbrio entre Samaris e Adel e Samaris e Fejsa. Um podia construi mais o outro podia dar uma transição defensiva mais forte. Um jogador que durante tantos anos leviu esta equipa às costas como foi o Fejsa. O treinador optou pelo que achava mais lógico e justo».

Novas oportunidades: «Voltou a ter uma oportunidade porque sentimos isso. No final da época passada, quando já tinha trinta anos, o clube renovou por mais quatro. O reconhecimento e agradecimento que o treinador tem para com ele depois dele e de outros terem entrado na equipa na segunda volta do último campeonato para a reconquista. Jogou frente ao V. Guimarães, em nossa casa, para a Taça da Liga. Um jogo que não lhe correu bem, saiu as 60 e poucos minutos para entrar Gabriel. Foi o primeiro jogo do Gabriel depois da recuperação. Dois jogos depois fez o jogo com o Cova da Piedade. As opções que estavam a jogar eram válidas, mas a todo o momento foram dadas oportunidade a Samaris jogar.

Grande jogo frente ao Marítimo: «De todos os médios é o melhor quando jogamos contra uma linha de cinco. Foi assim contra o Desp. Aves e com o Portimonense. Dia 30 de outubro fez um grande jogo, mas depois está dois ou três dias com gripe. De 19 a 21 está doente. Vamos a Vizela para a Taça, fez 45 minutos, talvez os piores da época, mas o treinador queria que Samaris fosse a jogo. O Samaris é um gajo importante para a equipa, posso trata-lo por gajo porque temos uma boa química com ele. É um gajo de equipa. Depois de Vizela fomos para a Alemanha. No dia 24 teve uma lombalgia, não treinou, no dia 25 dor de cabeça que o impede de viajar para a Alemanha. 3 de dezembro vamos à Covilhã. Quem está na equipa? O Samaris da época passada, é esse que eu quero. 60 minutos, foi novamente substituído».

Dezembro: «Depois foram dois meses fantásticos, a nível de resultados, em que o treinador teve de reinventar um meio-campo com Gabriel e Adel. E mesmo durante esses dois meses, o Samris esteve sempre connosco no banco. Mesmo independentemente de em determinado treino ter tido uma dor no pescoço, noutro teve dores de cabeça e vómitos e teve de abandonar. Noutro teve de treinar com uma lesão no tendão de Aquiles e tive de o tirar do treino. O jogador esteve onde? No banco. Porquê? Porque preciso do jogador».

Últimos meses: «Estão a fazer desta situação o mesmo que fizeram o ano passado com o Jonas. No final da época o Jonas escreveu um livro e ficou tudo esclarecido. O Samaris não vai precisar de escrever um livro. Acham que há algum problema entre o treinador e o jogador? Quando é necessário um minuto ele vai lá para dentro morrer pela equipa. Sem dores e a treinar bem, Samaris joga muito bem frente ao Gil Vicente. No dia seguinte, de manhã, jogador comunica que não está apto. Dor de costas e cervical que o limitam num ou noutro momento. A questão do tendão de Aquiles que se tem prolongado ao longo do tempo. Samaris não estava disponível para o Shakhtar».

Conclusão: «O Samaris treinou ontem muito bem. Uma hora de grande intensidade, hoje a mesma coisa. Está animado, está feliz, acredito que seja o Samaris que a equipa precisa neste momento. Se querem capas para os jornais, amanhã é Samaris e mais dez».