O Benfica não foi além de um empate sem golos na receção ao V. Guimarães, no primeiro jogo da Taça da Liga. Alguns adeptos assobiaram a equipa e levaram o treinador a pedir calma. Na conferência de imprensa de antevisão do jogo com o V. Setúbal, o treinador abordou o assunto, dizendo que entende e aceita a exigência dos adeptos, mas também pede mais créditos e mais apoio aos jogadores por tudo o que tem feito num passado recente.

No final do jogo, o treinador levantou-se do banco, virou-se para as bancadas e pediu calma. «Estamos ali tão confortáveis e a viver o jogo que nem me apercebi da reação do público, nem do meu gesto. Depois é que vi através da comunicação social a importância que lhe deram. O que quero pensar é na exigência em que temos de ter enquanto clube. O nosso adepto tem uma exigência tremenda porque o clube assim o habituou, em particular esta equipa», começou por referir.

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No fundo, o treinador considera que os adeptos estão habituados à fasquia alta da época passada e, agora, estão mais exigentes. «Aquilo que a equipa fez nos últimos seis meses, com as exibições que fez ao longo do ano, o facto de atingido os 103 golos, poucas equipas conseguiram igualar essa marca, o início de época a vencer a Supertaça da maneira como vencemos, leva-nos a isso, à exigência do clube», prosseguiu.

O treinador aceita essa exigência, mas pede que os adeptos nãos e deixem enganar por um «negativismo» exterior ao clube. «Por outro lado, aquilo que sinto, enquanto treinador, é que quem não nos quer o sucesso desde a primeira hora tentar apontar tudo aquilo de mau que nos tem acontecido», referiu antes de dar um exemplo: «Recordo-me de um exemplo muito claro de tentar fazer com que o nosso adepto, num momento menos bom, possa balançar. Numa das entrevistas que dei no lançamento da Supertaça, começaram-me por dizer, perdeu o João Félix, como vai resolver? Respondi. A seguir, perguntaram, e quando perder, vai mudar a maneira de ser? A terceira foi, se perder, vai cumprimentar o adversário? Interrompi a entrevista. Acabámos de fazer uma época fantástica e as três primeiras perguntas são se perder?», contou.

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Nesse sentido, o treinador considera que este é o momento para os adeptos serem pacientes e ajudarem a equipa. «Não estamos aqui a tentar esconder o quer que seja. É apenas a levar em linha de raciocínio o negativismo que se vai tentando criar para que os adeptos, na hora que as coisas não acontecem como queremos, sejam menos pacientes. Depois da maneira como conquistámos a Supertaça, disseram que o adversário é que jogou mal. Nunca se dá valor àquilo que é feito», insistiu.

Um «negativismo» que pode interferir na exibição da equipa. «Vamos jogar em casa com um adversário difícil, como foi com o Gil Vicente. Fechados, compactos, para não dar muito espaço. Se queremos tocar, atrair os adversários para criar espaços entrelinhas ou nas costas, com esse negativismo que vai acontecendo, os adeptos vão-se tornado impacientes e os jogadores vão tendo alguma ansiedade. Foi o que aconteceu com o Gil Vicente», atirou.

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Uma exigência assente nos sucessos do passado. «É importante que os adeptos tenham máxima exigência, porque estamos num grande clube, e por tudo o que esta equipa fez o ano passado leva-nos isso. 103 golos. Vencer em casa por 10-0. Mas neste momento temos de perceber o momento atual. Por várias circunstâncias, não estamos todos. Todos contam, todos são importantes, mas todos são diferentes. Quando estamos todos conseguimos fazer mais coisas, cada um dá mais soluções. Cada vez faz mais sentido olhar para o lema do Benfica. De todos um», acrescentou.

Uma exigência que vai para lá do resultado. Os adeptos querem ver a equipa a fazer também boas exibições. «Tem sido essa a nossa intenção. A minha forma de trabalhar leva-me a isso. Exigência máxima dos adeptos, exigência máxima do treinador aos jogadores, máxima responsabilidade para quem está a trabalhar nesta equipa. Queremos mais do que ninguém jogar bem. Temos tido um registo, que nem toda a gente valoriza, mas nós percebemos muito bem qual é o caminho que queremos», comentou.

Se um dia correr mal, o treinador estará lá para dar a cara. «Percebemos o que deixámos de ter de uma época para a outra. Percebemos o tempo que temos de ter para voltar a fazer esse caminho. Cá estarei eu sempre na frente para ser o responsável por qualquer insucesso dos jogadores. Tudo o que eles fazem em campo sou eu que lhes peço», disse ainda.