Além de ter abordado a detenção de Luís Filipe Vieira e a sua saída do Benfica, Rui Costa abordou o pedido de esclarecimento solicitado pelo movimento «Servir o Benfica» em relação da empresa Footlab, da qual é proprietário. 

O atual presidente dos encarnados negou que a empresa seja usada para agenciar jogadores e classificou as acusações como «uma canalhice».

«Tentei dar pouca importância a esse caso. Considero-o uma canalhice. Não pode valer tudo para denegrir a minha imagem. Considero que seja uma canalhice e deixe-me explicar o que é o Footlab. Não é nenhuma casa de agenciamento de jogadores, é um espaço que tenho em Carnaxide para aluguer de campos. Serve para festas de anos, clubes, enfim, tudo e mais alguma coisa. É para divertimento. Colar-me a uma situação do género não deixa de ser uma canalhice. Quem referiu isso sabe o que é o Footlab. Foi um negócio que criei para o futuro dos meus filhos, não tenho nada a esconder. Estamos a querer juntar um espaço aberto ao público para aluguer de campos a um agência de jogadores. Tenho o maior orgulho em ter sido um dos ídolos da massa associativa do Benfica, mas isso não me deixa imune às críticas. Quero ser avaliado como presidente. Não me conseguem tocar na honra e nem na relação de amor ao clube. Não preciso de trazer para aqui todos os contratos de vida nem de lembrar o verão de 93 ou a forma como voltei ao Benfica. Não permito a ninguém», frisou, em entrevista à TVI

«O Footlab é meu e de mais dois sócios. Convido as pessoas a irem ver o que é para juntarem uma coisa à outra. Tive lá as escolinhas de férias do Benfica. É um espaço aberto ao público. Tive várias equipas lá, eventos de toda a espécie. Tomarem isso como situação onde tiro partido do Benfica não admito. É completamente ridículo. É absurdo e falso», acrescentou ainda.

O dirigente recusou ainda revelar se vai ser candidato à presidência do clube nas eleições que, segundo a direção, vão ser marcadas até final do ano civil.

«Não disse que tenciono candidatar-me. Neste momento, a minha missão é trazer estabilidade ao clube e preparar as épocas desportivas que estão aí à porta. Todos os que trabalham comigo estão proibidos de falar em eleições. Vai haver eleições até final do ano. A minha forma de encarar este projeto é só uma: futebol, modalidades e estabilidade. Não vou descolar disto nem um milímetro. Ele sabia o que estava a dizer [sobre Vieira ter dito que seria o seu sucessor]. Agradeço-lhe do fundo do coração com todo o carinho que tenho por ele. Poderia fazer o mandato até ao fim. Jamais aceitaria ser príncipe herdeiro. Se for presidente, que seja pela vontade dos sócios», atirou.

Rui Costa prosseguiu na mesma linha de raciocínio e reiterou que seria um erro pensar nas eleições.

«Tudo o que seja falar do período após as eleições é futurologia. Com os anos que tenho de casa, aprendi muita coisa boa. Aprendi a estar envolvido no que são as decisões do Benfica. Nesse momento, tudo o que seja pensar em eleições é atrasar o foco do que é essencial. Os adeptos não querem saber quem vai ganhar as próximas eleições, mas sim se entramos na Liga dos Campeões. É nisso que me tenho de concentrar assim como me tive de concentrar no empréstimo obrigacionista. Foi uma grande vitória, pois o empréstimo obrigacionista é essencial para a vida do clube», disse.

Por último, o presidente do Benfica comentou o processo de averiguação interna sobre se se a conduta de Luís Filipe Vieira representou um possível conflito de interesse entre as suas obrigações como dirigente do clube e os seus «interesses privados». 

«Se assinei documentos duvidosos? Na altura não. Ainda não houve incriminação. Essa continua a ser a nossa esperança. O que está a ser investigado está relacionado com duas assinaturas de dois administradores. Quem está lá pode assinar. Muitas vezes estou no Seixal e os contratos são assinados na Luz. Em nenhum circunstância posso pensar ou imaginar que um documento não é verdadeiro. Se estranhei alguma negociação? Jamais posso pensar que estou a assinar uma coisa que não seja legal ou que não tenha como objetivo servir o clube», sublinhou.

«Auditoria? É para perceber o que se está a passar. Não temos nada para esconder. É um ato de transparência. É uma das coisas que quero trazer neste momento para o clube. O Benfica tem de ser falado pelas boas razões. É uma das minhas permissas. Não vou abdicar de ter transparência máxima», acrescentou ainda.