Rui Vitória abordou neste sábado o clima de tensão em torno do setor da arbitragem, na antevisão do encontro com o V. Setúbal. O treinador do Benfica bateu várias vezes com a mão na mesa e apelou a uma reflexão profunda acerca do que se está a passar no futebol português. De resto, deixou uma mensagem bem clara, a de que os principais atores desta «novela» não são aqueles que, de facto, entram em campo.

«Não vejo os árbitros zangados com os treinadores, os treinadores zangados com os jogadores ou os árbitros e os jogadores zangados. Dos principais agentes do futebol, a discussão não anda em torno dos jogadores e dos treinadores. E isso merece uma reflexão», começou por dizer na antevisão ao jogo com o V. Setúbal para a Liga.

O técnico dos encarnados admitiu que o que está a passar-se só prejudica a modalidade. «O futebol é a paixão do povo e é um grande negócio. Mas todos os grandes negócios só são bons se forem bem geridos. O que vejo e ouço é que as vendas dos jornais baixam, as audiências do jogos na televisão baixam. E ninguém olha para isto com olhos de ver: só quando todos estivermos falidos é que… Quando a Liga passar do 15.º para o 30.º lugar é que se vai dar um alerta sobre isto? Todos temos de refletir», reiterou.

Para Vitória, há muito que esta reflexão é necessária. «Há um sinal de alerta que é dado agora e que se fosse dado há um mês atrás por outra instituição qualquer fazia sentido. (...) Os árbitros talvez tenham acionado o botão. E é bom que se perceba que não é pelos agentes envolvidos no jogo que as questões têm sido levantadas», rematou.

Mais à frente, o treinador foi colocado perante declarações de José Couceiro, que na semana anterior afirmou que os três ditos grandes do futebol nacional são os mais beneficiados.

«São duas questões muito distantes, há uma a análise aos três grandes e depois há um lote de equipas que está a lutar [na Liga]», disse o técnico das águias sobre o modo como se olha para o campeonato.

«Tenho o máximo de respeito por essas equipas, foi lá que comecei, e, se calhar, é tão importante fazer um pontinho para o clube não descer de divisão e não fechar do que o título para as mais consagradas. Não vale a pensa estar a discutir estas questões. Já alertei e falei em reflexão nesta sala, mas não sou eu quem vai fazer a ordem de trabalhos», concluiu.